Um Caso Tenebroso - Cap. 2: II – PROJECTO DE UM CRIME Pág. 23 / 249

O administrador fez mira a uma viperina, à uns trinta passos, e cortou-a cerce.

- É para defender o seu amo que você tem essa arma de bandoleiro? Se calhar foi ele que lhe fez presente dela...

- Veio de Paris propositadamente trazer-ma a casa - tornou-lhe Michu.

- O certo é que se não fala para aí senão na viagem dele; há uns que dizem que caiu em desgraça, e que vai retirar-se dos negócios; outros que quer abrir os olhos para o que por cá vai... Realmente, porque diabo aparece ele aí sem dizer água-vai? Até parece o Primeiro Cônsul. Sabia da vinda dele?

- Não estamos em tão boas relações para eu andar ao corrente das suas confidências.

- Então ainda o não viu?

- Só soube que ele chegara, depois de dar a minha volta pela floresta - respondeu Michu, que tinha os olhos postos na carabina.

- Mandou chamar o Senhor Grévin a Arcis: vão «tribunar» qualquer coisa...

Malin fora tribuno.

- Se você vai para os lados de Cinq-Cygne -: atalhou o administrador, para Víolette - leve-me consigo; eu também vou.

Violette era poltrão de mais para levar à garupa um homem do estofo de Michu, e picou de esporas.

O Judas atirou a carabina para o ombro e precipitou-se na avenida.

- Com quem é que 0 Michu andará de candeias às avessas? - interrogou Marta, voltada para a mãe.

- Desde que soube da chegada do Senhor Malin, passou a andar mais macambúzio - respondeu esta. - Está húmido; vamos para dentro.

Quando as duas mulheres se sentaram ao borralho, ouviram Couraut.

- Lá vem o meu marido! - exclamou Marta.

Com efeito, Michu subia a escada; a mulher, inquieta, foi ter com ele ao quarto.

- Vai ver se não anda por aí alguém - disse Michu a Marta, numa voz alterada.

- Não anda ninguém - respondeu.





Os capítulos deste livro