Um Caso Tenebroso - Cap. 8: VIII-UM RECANTO DA FLORESTA Pág. 82 / 249

E aqui tem.

- Grande nobreza a sua - disse Laurence, estendendo a mão a Michu, que quis ajoelhar para lha beijar.

Laurence, ao ver o seu gesto, evitou-o e disse-lhe:

- De pé, Michu! - num tom de voz e com um olhar que naquele momento o fizeram tão feliz quão infeliz fora naqueles doze anos.

- A sua recompensa" Menina, é como se eu tivesse feito-tudo quanto me era devido fazer - tornou-lhe ele. - Está a ouvi-los, os hússares da guilhotina? Vamos conversar para outro sítio.

Michu pegou no bridão da égua do lado para o qual a condessa estava de costas, e disse-lhe:

- Trate apenas de se aguentar bem na sela, de picar o animal e de proteger a cara contra os ramos que a podem fustigar.

Depois, durante meia hora, a galope rasgado, conduziu a jovem às voltas e contravoltas, cruzando o seu próprio caminho, através das clareiras, para baralhar os trilhos, até um ponto da floresta onde se deteve.

- Já não sei onde estou, e posso dizer que conheço a floresta tão bem como tu - disse a condessa, olhando à sua roda.

- Estamos mesmo no centro - tornou-lhe ele. -- Diante de nós temos ainda dois gendarmes, mas estamos salvos!

O local pitoresco onde o administrador conduzira Laurence devia vir a ser tão fatal para as principais personagens deste drama e para o próprio Michu, que descrevê-lo é dever de um historiador. Aliás, essa paisagem, como teremos ocasião de ver, tornou-se célebre nos fastos judiciários do Império.

A floresta de Nodesme fazia parte de um convento chamado de Notre-Dame. Este, convento, assaltado, saqueado, demolido, desapareceu completamente, com monges e bens. A floresta, cobiçada por muitos, foi integrada na propriedade dos condes de Champagne, que mais tarde a empenharam e a deixaram vender.





Os capítulos deste livro