Um Caso Tenebroso - Cap. 9: IX - DESDITAS DA POLÍCIA Pág. 91 / 249

Se não fossem os soluços convulsivos de Gothard, ouvir-se-ia o zumbido de uma mosca.

Quando a mãe, assustada e pálida, abriu a porta e se mostrou, quase arrastada pela Menina Goujet, de olhos vermelhos de chorar, todos os rostos se voltaram para as duas mulheres. Enquanto os habitantes do castelo tremiam de medo, esperavam os dois agentes ver entrar Laurence. O movimento espontâneo dos criados e dos amos parecia provocado por um desses mecanismos que fazem com que um grupo de figuras de madeira realize um gesto só e único num abrir e fechar de olhos.

A Senhora de Hauteserre deu três grandes passos precipitados em direcção a Corentin e disse numa voz entrecortada, mas violenta:

- Por piedade, diga-me, cavalheiro, de que são acusados os meus filhos? Acha que e1esestiveram aqui?

O cura, que parecia ter dito com os seus botões, ao ver a velha: «Ela vai dizer qualquer tolice!», baixou os olhos:

- Os meus deveres e a missão que estou encarregado de cumprir proíbem-me de responder - tornou-lhe Corentin com uma expressão ao mesmo tempo graciosa e zombeteira.

Esta resposta, que a detestável cortesia daquele pisa-flores tornava ainda mais implacável, petrificou a velha senhora, que se deixou cair numa poltrona, junto do abade Boujet, de mãos erguidas como quem implora a Deus.

- Onde é que e que apanhou esse choramingas?- perguntou Corentin ao brigadeiro, apontando para o pequeno escudeiro de Laurence.

- No caminho da quinta, ao longo dos muros do parque; o pateta ia safar-se pela mata dos Cioseaux.

- E a rapariga?

- Esta? Foi Olivier quem a pescou.

- Para onde ia ela?

- Para Gondreville.

- Iam de costas um para o outro? - interrogou Corentin.

- Sim, senhor - respondeu o gendarme.

- Não são o criadito e a criada de quarto da cidadã de Cinq-Cygne? - inquiriu Corentin do maire.





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