O Conde de Monte Cristo - Cap. 109: No tribunal Pág. 1013 / 1080

- Sei lá! Vocês fazem-me perguntas de procurador régio. Eu repito o que me disseram e mais nada. Cito-lhes o meu autor: é tudo quanto posso fazer. O pobre-diabo já não comia de susto! - é incrível! - Mas não, meu caro, não tem nada de incrível! Não viram, o ano passado, aquele garoto da Rua de Richelieu que se entretinha a matar os irmãos e as irmãs espetando-lhes um alfinete no ouvido enquanto dormiam? A geração que nos segue é muito precoce, meu caro.

- Meu amigo, aposto que não acredita numa única palavra do que acaba de nos contar... - disse Château-Renaud. - Mas não vejo o conde de Monte-Cristo... Como é que não está cá?

- Está muito chocado - informou Debray. - Aliás, não quererá aparecer diante de toda a sociedade depois de ser enganado pelos Cavalcanti, que, ao que parece, se lhe apresentaram com falsas cartas de recomendação. Resultado: ficou com uma hipoteca de uma centena de milhar de francos sobre o principado...

- A propósito, Sr. de Château-Renaud, como está Morrel? - perguntou Beauchamp.

- Procurei-o por três vezes em sua casa e não o encontrei - respondeu o gentil-homem. - Mas a irmã não me pareceu nada preocupada e até me disse com um ar muito descontraído que também o não via há dois ou três dias, mas que estava certa de que se encontrava bem.

- Ah, já descobri! O conde de Monte-Cristo não pode estar na sala - disse Beauchamp.

- Porquê?

- Porque é actor no drama.

- Também assassinou alguém? - perguntou Debray.

- Claro que não. Pelo contrário, foi a ele que quiseram assassinar. Bem sabe que foi ao sair de casa dele que o bom Sr. Caderousse foi assassinado pelo seu amiguinho Benedetto.

Também sabe que foi em casa dele que encontraram o famoso colete em que estava a carta que estragou a assinatura do contrato. Está a ver o colete? Está ali, todo ensanguentado, em cima da secretária, como prova de acusação.

- Muito bem!

- Caluda, meus senhores! Vem aí o tribunal. Vamos para os nossos lugares!

De facto, ouviu-se um grande barulho no pretório; o polícia chamou os seus dois protegidos com um «pst!» enérgico e o oficial de diligências apareceu à entrada da sala de deliberações e gritou com a voz esganiçada que os oficiais de diligências já tinham no tempo de Beaumarchais:

- O tribunal, meus senhores!





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069