O Conde de Monte Cristo - Cap. 112: A partida Pág. 1029 / 1080

- Sim, e levo-lhe o seu irmão.

- Veja se no-lo restitui curado, Sr. Conde... - pediu Julie.

Morrel virou-se para ocultar o seu rubor.

- Notou então que ele não estava bem? - inquiriu o Conde.

- Notei - respondeu a jovem senhora -, e receio que ele se aborreça connosco.

- Eu o distrairei - prometeu o conde.

- Estou pronto, senhor - disse Maximilien. - Adeus, meus bons amigos! Adeus Emmanuel! Adeus, Julie!

- Como adeus?! - exclamou Julie. - Partes assim de repente, sem teres nada preparado, sem passaporte?

- Os adiamentos duplicam o desgosto das separações - observou Monte-Cristo -, e Maximilien, estou certo disso, deve ter tomado todas as providências, como lhe recomendei.

- Tenho o meu passaporte e as minhas malas estão feitas - informou Morrel com a mesma tranquilidade alheada.

- Óptimo! - exclamou Monte-Cristo, sorrindo. - Nem outra coisa era de esperar de um bom soldado.

- E o senhor deixa-nos assim, de um momento para o outro? - perguntou Julie. - Não nos concede um dia, nem uma hora?

- A minha carruagem está à porta, minha senhora. Preciso de estar em Roma dentro de cinco dias.

- Mas Maximilien não vai a Roma? - perguntou Emmanuel.

- Vou aonde o conde me quiser levar - respondeu Morrel, com um sorriso triste. - Pertenço-lhe ainda por um mês.

- Oh, meu Deus, como ele diz aquilo, Sr. Conde!

- Maximilien acompanha-me; portanto, esteja tranquila a respeito do seu irmão - respondeu o conde com a sua persuasiva afabilidade.

- Adeus, minha irmã! - repetiu Morrel. - Adeus, Emmanuel!

- Aflige-me o seu alheamento - confessou Julie. - Oh, Maximilien, Maximilien, escondes-nos qualquer coisa!

- Então, então!... - interveio Monte-Cristo. Prometo-lhes que o verão regressar alegre, risonho e feliz.

Maximilien deitou a Monte-Cristo um olhar quase desdenhoso, quase irritado.

- Partamos! - disse o conde.

- Antes de partir, Sr. Conde - atalhou Julie -, permita-me que lhe diga tudo o que no outro dia...

- Minha senhora - interrompeu-a o conde, pegando-lhe nas mãos -, tudo o que me dissesse nunca valeria o que leio nos seus olhos, nem o que o seu coração sente, nem o que o meu experimenta. Como os benfeitores de romance, devia ter partido sem a tornar a ver; mas tal virtude era superior às minhas forças, pois sou um homem fraco e vaidoso e o olhar húmido, feliz e terno dos meus semelhantes me faz bem. Agora parto e levo o egoísmo ao ponto de lhes dizer: não me esqueçam, meus amigos, porque provavelmente não me tornarão a ver.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069