O Conde de Monte Cristo - Cap. 25: O desconhecido Pág. 202 / 1080

Deu as medidas dos compartimentos e estes foram executados no dia seguinte.

Duas horas mais tarde, Dantès saia do porto de Génova escoltado pelos olhares de uma multidão de curiosos que queriam ver o cavalheiro espanhol que tinha o hábito de navegar sozinho.

Dantès desenvencilhou-se maravilhosamente. Com a ajuda do leme, e sem ter necessidade de o deixar, obrigou o navio afazer todas as evoluções que quis. Dir-se-ia um ser inteligente pronto a obedecer ao mais pequeno gesto, a ponto de o próprio Dantès concordar que os genoveses mereciam a sua reputação de primeiros construtores navais do mundo.

Os curiosos seguiram o naviozinho com os olhos até o perderem de vista, e então discutiu-se qual seria o seu destino. Uns inclinaram-se para a Córsega, outros para a ilha de Elba; estes dispuseram-se a apostar que ia para Espanha, aqueles teimaram que seguia para áfrica. Ninguém pensou em indicar a ilha de Monte-Cristo.

No entanto, era para Monte-Cristo que ia Dantès.

Chegou ao fim do segundo dia. O navio era excelente veleiro e percorrera a distância em trinta e cinco horas. Dantès reconhecera perfeitamente a costa e, em vez de entrar no porto habitual, lançou ferro na enseadazinha.

A ilha estava deserta. Ninguém parecia ter ali desembarcado desde que Dantès partira. Foi procurar o seu tesouro; encontrava-se tudo no mesmo estado em que o deixara.

No dia seguinte a sua imensa fortuna foi transportada para bordo do iate e fechada nos três compartimentos do armário secreto.

Dantès esperou mais oito dias. Entretanto, manobrou o iate à roda da ilha, estudando-o como um picador estuda um cavalo. Ao fim desse tempo conhecia-lhe todas as qualidades e todos os defeitos. Dantès prometeu a si mesmo aumentar uns e remediar outros.

Ao oitavo dia, Dantès viu um barquito dirigir-se para a ilha com todas as velas desfraldadas e reconheceu a embarcação de Jacopo. Fez-lhe um sinal a que Jacopo correspondeu e duas horas mais tarde o barco estava junto do iate.

Havia uma triste resposta para cada uma das duas perguntas de Edmond.

O velho Dantès morrera.

Mercédès desaparecera.

Edmond escutou as duas notícias com ar calmo, mas desceu imediatamente a terra e proibiu que o acompanhassem.

Duas horas mais tarde voltou. Dois homens do barco de Jacopo passaram para o iate a fim de ajudarem na manobra e Dantès ordenou que se aproasse a Marselha. Previra a morte do pai; mas que fora feito de Mercédès?

Edmond não poderia dar instruções suficientes a um agente sem divulgar o seu segredo. De resto, havia mais informações que desejava obter e acerca das quais só confiava em si mesmo.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069