Em Liorne procurou um judeu e vendeu por cinco mil francos cada um dos quatro dos seus mais pequenos diamantes. O judeu gostaria de saber como é que um marinheiro se encontrava de posse de semelhantes pedras, mas conteve a curiosidade, pois ganhava mil francos em cada uma.
No dia seguinte comprou um barco novinho em folha, que deu a Jacopo, bem como mais cem piastras para que pudesse contratar uma tripulação. E isto com a condição de Jacopo ir a Marselha procurar notícias de um velho chamado Louis Dantès, residente nas Alamedas de Meilhan, e de uma rapariga moradora na aldeia dos Catalães e chamada Mercédès.
Jacopo julgou sonhar. Edmond contou-lhe então que se tornara marinheiro devido a uma cabeçada e porque a família lhe recusava o dinheiro necessário à sua manutenção. Mas que ao chegar a Liorne recebera a herança de um tio que o nomeara seu único herdeiro. A educação elevada de Dantès dava a essa história tal verossimilhança que Jacopo nem por um instante duvidou que o seu antigo companheiro lhe não dissesse a verdade.
Por outro lado, como o contrato de Edmond a bordo da Jeune-Amélie expirara, o jovem despediu-se do patrão, que começou por tentar retê-lo, mas que ao saber como Jacopo a história da herança perdeu imediatamente a esperança de vencer a resolução do seu antigo marinheiro.
No dia seguinte, Jacopo fez-se de vela para Marselha. Deveria reencontrar-se com Edmond em Monte-Cristo.
No mesmo dia, Dantès partiu sem dizer para onde ia, depois de se despedir da tripulação da Jeune-Amélie com uma esplêndida gratificação e do patrão com a promessa de lhe dar qualquer dia notícias suas.
Dantès seguiu para Génova.
Na altura da sua chegada experimentava-se um iatezinho encomendado por um inglês que, tendo ouvido dizer que os Genoveses eram os melhores construtores do Mediterrâneo, quisera ter um iate construído em Génova. O inglês ajustara o preço de quarenta mil francos; Dantès ofereceu sessenta mil, com a condição de o navio lhe ser entregue naquele mesmo dia.
O inglês fora dar uma volta pela Suíça enquanto esperava que o navio fosse construído e só deveria voltar dentro de três semanas ou um mês. O construtor pensou que teria tempo de pôr outro no estaleiro. Dantès levou o construtor a casa de um judeu, entrou com ele para os fundos da loja e o judeu contou sessenta mil francos ao construtor.
Este ofereceu a Dantès os seus serviços para lhe arranjar uma tripulação, mas Dantès agradeceu-lhe, dizendo-lhe que estava habituado a navegar sozinho e que a única coisa que desejava era que lhe fizessem no camarote, à cabeceira da cama, um armário secreto, com três compartimentos também secretos.