O Conde de Monte Cristo - Cap. 35: A Mazzolata Pág. 334 / 1080

- Há perto de um ano que estou ausente de Paris e as minhas casacas devem estar fora de moda. O conde deve ter-me tomado por um provinciano. Desengane-o, caro amigo, e diga-lhe, peço-lhe, na primeira oportunidade, que isso não é verdade.

Franz sorriu. Um instante depois o conde regressou.

- Cá me têm, senhores, e inteiramente à sua disposição - disse. - As ordens estão dadas: a carruagem segue para a Praça del Popolo e nós, se estão de acordo, seguimos para a rua do Corso. Tire alguns desses charutos, Sr. de Morcerf

- Aceito, palavra, com grande prazer - disse Albert porque os charutos italianos são ainda piores do que os da fábrica do Estado, em França. Quando for a Paris retribuir-lhe-ei tudo isto.

- E eu não recusarei. Conto lá ir qualquer dia e, uma vez que mo permite, irei bater-lhe à porta. E agora vamos, meus senhores, vamos porque não temos tempo a perder. É meio-dia e meia hora, partamos.

Desceram os três. O cocheiro recebeu as últimas ordens do amo e seguiu pela Via del Babuino, enquanto eles subiam a pé a Praça de Espanha e a Via Frattina, que os levava direitos aos palácios Fiano e Rospolh.

Toda a atenção de Franz se concentrou nas janelas deste último palácio. Não esquecera o sinal convencionado no Coliseu entre o homem da capa e o trasteveriano.

- Quais são as suas janelas? - perguntou ao conde no tom mais natural que conseguiu arranjar.

- As três últimas - respondeu ele com uma negligência que não tinha nada de afectada, pois não podia adivinhar com que fim lhe faziam a pergunta.

Franz olhou rapidamente para as três janelas. As janelas laterais estavam forradas de damasco amarelo e a do meio de damasco branco com uma cruz vermelha.

O homem da capa cumprira a palavra que dera ao trasteveriano e já não havia dúvida: o homem da capa era o conde. As três janelas encontravam-se ainda vazias.

De resto, por todos os lados se faziam preparativos.

Colocavam-se cadeiras, erguiam-se bancadas, forravam-se janelas. As máscaras não podiam aparecer nem as carruagens circular senão ao toque do sino; mas adivinhavam-se as máscaras atrás de todas as janelas e as carruagens atrás de todas as portas. Franz, Albert e o conde continuaram a descer a rua do Corso.

À medida que se aproximavam da Praça del Popolo a multidão tornava-se mais densa e por cima das cabeças dessa multidão erguiam-se duas coisas: o obelisco encimado por uma cruz que indica o centro da Praça e, à frente do obelisco, precisamente no ponto de correspondência visual das três ruas do Babuino, do Corso e da Ripetta, as duas traves principais do cadafalso, entre as quais brilhava o cutelo arredondado da mandaïa. Na esquina da rua encontrava-se o intendente do conde, à espera do amo.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069