Os dois jovens quiseram fazer-lhe qualquer observação, mas na realidade não tinham nenhum motivo aceitável para recusar uma oferta que aliás lhes era agradável. Acabaram pois por aceitar.
O conde de Monte-Cristo ficou cerca de um quarto de hora com eles, falando de todas as coisas com extrema facilidade. Encontrava-se, como já tinham podido notar, muito ao corrente da literatura de todos os países. Uma olhadela às paredes da sua sala provara a Franz e a Albert que era amador de quadros. Algumas palavras despretensiosas que deixou escapar por acaso provaram-lhes que as ciências lhe não eram estranhas. Parecia sobretudo ter-se ocupado especialmente da química.
Os dois amigos não tinham a pretensão de oferecer ao conde o pequeno-almoço que lhes dera, e seria um gracejo de muito mau gosto servir-lhe, em troca da sua excelente refeição, a comida muitíssimo medíocre de mestre Pastrini. Assim lho disseram com toda a franqueza e ele recebeu as suas desculpas como homem que apreciava a sua delicadeza.
Albert estava entusiasmado com as maneiras do conde, que só a sua ciência o impedia de o considerar um autêntico fidalgo. Sobretudo a liberdade de dispor inteiramente da carruagem enchia-o de alegria. Tinha os seus planos a respeito das graciosas camponesas, e como elas lhe tinham aparecido na véspera numa carruagem elegantíssima, não lhe desagradava continuar a parecer nesse ponto em pé de igualdade com elas.
Os dois jovens desceram à uma e meia. O cocheiro e os lacaios tinham tido a ideia de vestir os casacos das librés debaixo das suas peles de animais, o que lhes dava aspecto ainda mais grotesco do que na véspera e lhes valeu muitas felicitações de Franz e Albert
Albert colocara sentimentalmente na lapela o seu ramo de violetas já murchas. Mal soou o sino, partiram e precipitaram-se na rua do Corso pela Via Vitoria. À segunda volta, um ramo de violetas frescas partiu de uma caleça carregada de palhaças e veio cair na caleça do conde.
Albert teve assim a indicação de que, tal como ele e o amigo, as camponesas da véspera também tinham mudado de traje, e de que, quer por acaso, quer por um sentimento idêntico àquele que os impelira, enquanto eles, galantemente, tinham escolhido o traje delas, elas pela sua parte haviam escolhido o deles.