O Conde de Monte Cristo - Cap. 36: O Carnaval de Roma Pág. 350 / 1080

Como se compreende, Franz não era egoísta ao ponto de levantar dificuldades a Albert no meio de uma aventura que prometia ao mesmo tempo ser tão agradável para a sua curiosidade e tão lisonjeira para o seu amor-próprio. Conhecia bastante bem a perfeita indiscrição do seu digno amigo e tinha a certeza de que ele o manteria ao corrente dos mais pequenos pormenores da sua boa fortuna. E como, desde que havia dois ou três anos que percorria a Itália em todos os sentidos, nunca tivera sequer a oportunidade de esboçar um namoro assim em seu proveito, Franz estava ansioso por saber como se passavam as coisas em semelhante caso.

Prometeu portanto a Albert que no dia seguinte se limitaria a admirar o espectáculo das janelas do Palácio Rospoli.

Com efeito, no dia seguinte viu passar e tornar a passar Albert. Trazia um ramo enorme que sem dúvida encarregara de ser o portador da sua epístola amorosa. Tal probabilidade transformou-se em certeza quando Franz tornou a ver o mesmo ramo, notável devido a um círculo de camélias brancas, nas mãos de uma encantadora palhaça vestida de cetim cor-de-rosa.

Por isso, a noite já não foi de alegria, foi de delírio.

Albert estava certo de que a bela desconhecida lhe responderia pela mesma via. Franz foi ao encontro dos seus desejos dizendo-lhe que todo aquele barulho o fatigava e que estava decidido a empregar o dia seguinte a rever o seu álbum e a tomar apontamentos. Aliás, Albert não se enganara nas suas previsões: no dia seguinte à noite, Franz viu-o entrar-lhe no quarto num salto, agitando maquinalmente uma folha de papel segura por uma ponta.

- Então, enganei-me? - perguntou.

- Ela respondeu? - inquiriu Franz.

- Leia.

Esta palavra foi pronunciada com uma intonação impossível de reproduzir. Franz pegou no bilhete e leu:

Terça-feira à noite. Às sete horas desça da sua carruagem defronte da Via dei Pontefici e siga a camponesa romana que lhe tirar o seu moccoletto. Quando chegar ao primeiro degrau da Igreja de San-Giacomo tome o cuidado para que ela o possa reconhecer de atar uma fita cor-de-rosa no ombro do seu traje de palhaço.

Daqui até lá não me verá mais.

Constância e discrição.

- Que pensa disso, caro amigo? - perguntou Albert a Franz quando este terminou a leitura.

- Penso - respondeu Franz - que a coisa toma toda a cara ter de uma aventura deveras agradável.

- É também a minha opinião - disse Albert - e receio muito que você tenha de ir sozinho ao baile do duque de Bracciano.

Franz e Albert tinham recebido naquela mesma manhã um convite do célebre banqueiro romano.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069