O Conde de Monte Cristo - Cap. 37: As Catacumbas de São Sebastião Pág. 364 / 1080

Ao mesmo tempo, viram no meio da escuridão brilhar no cano de uma carabina o reflexo do seu próprio archote.

- Ami! - respondeu Peppino.

Avançou sozinho e disse algumas palavras em voz baixa à segunda sentinela que, como a primeira, cumprimentou e fez sinal aos visitantes nocturnos que podiam continuar o seu caminho.

Atrás da sentinela ficava uma escada de uns vinte degraus. Franz e o conde desceram-nos e encontraram-se numa espécie de cruzamento mortuário do qual divergiam cinco caminhos, como os raios de uma estrela. As paredes, cobertas de nichos sobrepostos com a forma de túmulos, indicavam que se entrara finalmente nas catacumbas.

Numa das cavidades, cuja extensão era impossível distinguir, viam-se de dia alguns raios de luz.

O conde pousou a mão no ombro de Franz.

- Quer ver um acampamento de bandidos em repouso? - perguntou-lhe.

- Certamente - respondeu Franz.

- Então, venha comigo... Peppino, apague o archote.

Peppino obedeceu e Franz e o conde encontraram-se mergulhados na mais profunda escuridão. Apenas cerca de cinquenta passos adiante deles continuaram a dançar ao longo das paredes alguns clarões avermelhados, mais visíveis desde que Peppino apagara o archote.

Avançaram silenciosamente, com o conde a guiar Franz, como se possuísse a singular faculdade de ver nas trevas. Aliás, o próprio Franz distinguia mais facilmente o caminho à medida que se aproximava dos reflexos que lhe serviam de guias.

Três arcadas, das quais a do meio servia de porta, deram-lhes passagem.

As arcadas deitavam de um lado para a galeria onde estavam o conde e Franz e do outro para uma grande sala quadrada, toda cercada de nichos idênticos àqueles a que já nos referimos. No meio da sala erguiam-se quatro pedras que noutros tempos tinham servido de altar, como indicava a cruz que ainda as encimava.

Uma única lanterna pousada num fuste de coluna iluminava com uma luz pálida e vacilante a estranha cena que se oferecia aos olhos dos dois visitantes ocultos na sombra.

Um homem estava sentado, com o cotovelo apoiado na coluna, e lia de costas voltadas para as arcadas, pela abertura das quais os recém-chegados o observavam.

Era o chefe da quadrilha, Luigi Vampa.

À roda dele, reunidos a seu bel-prazer, deitados nas suas capas ou encostados a uma espécie de banco de pedra que rodeava por completo o columbário, distinguia-se uma vintena de bandidos. Todos tinham a carabina ao alcance da mão.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069