O Conde de Monte Cristo - Cap. 40: O almoço Pág. 399 / 1080

- Certamente - respondeu sorrindo o rapaz. - Pelo contrário, tenho uma, mas esperava que o senhor se deixasse tentar por qualquer das propostas brilhantes que acabam de lhe fazer. Mas como até agora se não pronunciou, creio poder oferecer-lhe aposentos num palacete muito encantador, muito Pompadour, que a minha irmã alugou há um ano na rua Meslay.

- Tem uma irmã? - perguntou Monte-Cristo.

- Tenho, sim, senhor, e uma excelente irmã.

- Casada?

- Há quase nove anos.

- Feliz? - perguntou de novo o conde.

- Tão feliz quanto é permitido a uma criatura humana sê-lo - respondeu Maximillen. - Casou com o homem que amava, aquele que nos ficou fiel na nossa infelicidade: Emmanuel Herbaut.

Monte-Cristo sorriu imperceptivelmente.

- Resido lá durante o meu semestre - prosseguiu Maximilien – e estaria, assim como o meu cunhado Emmanuel, à disposição do Sr. Conde para todas as informações que necessitasse.

- Um momento! - gritou Albert antes de Monte-Cristo ter tempo de responder. - Cuidado com o que faz, Sr. Morrel, olhe que vai enclausurar um viajante, Simbad, o Marinheiro, na vida familiar. Vai fazer um patriarca de um homem que veio para ver Paris.

- Oh, isso não! - respondeu Morrel, sorrindo. - A minha irmã tem vinte e cinco anos e o meu cunhado trinta; são jovens, alegres e felizes. Aliás, o Sr. Conde estará à vontade nos seus aposentos e só encontrará os seus anfitriões quando quiser descer aos aposentos deles.

- Obrigado, senhor, obrigado - disse Monte-Cristo. - Contentar-me-ei com ser apresentado por si à sua irmã e ao seu cunhado, se quiser conceder-me essa honra, mas não aceito a oferta de nenhum dos senhores porque já tenho a minha residência pronta.

- Como?! - exclamou Morcerf. - Vai hospedar-se num hotel? Será muito desagradável para si...

- Esteve assim tão mal instalado em Roma? - perguntou Monte-Cristo.

- Por Deus - redarguiu Morcerf -, em Roma gastou cinquenta mil piastras a mandar mobilar os seus aposentos; mas presumo que não está disposto a renovar todos os dias semelhante despesa.

- Não foi isso que me deteve -respondeu Monte-Cristo mas sim ter resolvido possuir uma casa em Paris, uma casa minha, claro. Por isso, mandei à frente o meu criado de quarto, que já deve ter comprado a casa e mandado mobilar-ma.

- Quer dizer que tem um criado de quarto que conhece Paris? - admirou-se Beauchamp.

- É a primeira vez, como eu, que vem a França; é negro e não fala - respondeu Monte-Cristo.

- Então... é Ali? - perguntou Albert, no meio da surpresa geral.

- E, sim, senhor, é Ali, o meu núbio, o meu mudo, que viu em Roma, segundo creio.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069