O Conde de Monte Cristo - Cap. 9: A festa de noivado Pág. 66 / 1080

Capítulo IX - A festa de noivado

Como dissemos, Villefort retomara o caminho da praça Grand- Cours e quando entrou em casa da Sra. de Saint-Méran encontrou osconvivas, que deixara à mesa, a tomar o café na sala.

Renée esperava-o com uma impaciência que era compartilhada por todo o resto da sociedade. Foi, pois, acolhido com uma exclamação geral.

- Então, cortador de cabeças, sustentáculo do Estado, Bruto monárquico, que aconteceu? - perguntou um. - Vamos, diga! - Estamos ameaçados por um novo regime de Terror? - indagou outro.

- O papão da Córsega saiu da sua caverna? inquiriu terceiro.

- Sra. Marquesa - disse Villefort, aproximando-se da sua futura sogra -, suplico-lhe me desculpe de ser obrigado a deixá-la assim... Sr. Marquês, poderei ter a honra de lhe dizer duas palavras em particular?

- Oh! Quer dizer que o caso é realmente grave? - perguntou a marquesa, notando a sombra que obscurecia a testa de Villefort.

- Tão grave que sou obrigado a pedir-lhes licença para me ausentar uns dias. Por aqui podem ver - continuou, virando-se para Renée - se o caso é ou não grave.

- Parte, senhor? - perguntou Renée, incapaz de ocultar o abalo que lhe causava aquela notícia inesperada.

- Infelizmente, menina - respondeu Villefort. - É preciso.

- E aonde vai? - perguntou a marquesa.

- É segredo de justiça, minha senhora. No entanto, se alguém aqui tem alguma coisa para Paris, um dos meus amigos partirá esta noite e encarregar-se-á disso com prazer.

Toda a gente se entreolhou.

- Pediu-me que o ouvisse por um momento? - lembrou o marquês.

- Pedi. Passemos ao seu gabinete, por favor.

O marquês tomou o braço de Villefort e saiu com ele.

- Então, que se passa? - perguntou quando chegaram ao gabinete.

- Vamos, fale.

- Coisas que creio da mais alta gravidade e que exigem a minha partida neste instante para Paris. Agora, marquês, desculpe a indiscreta brutalidade da pergunta: possui títulos do Estado?

- Toda a minha fortuna está em títulos da dívida pública; seiscentos a setecentos mil francos, pouco mais ou menos.

- Venda-os marquês. Venda-os ou ficará arruinado.

- Mas como quer que os venda daqui?

- Tem um corretor, não tem?

- Tenho.

- Dê-me uma carta para ele, e que venda sem perda de um minuto, sem perda de um segundo. Poderei chegar até demasiado tarde.

- Demónio, nesse caso não percamos tempo! - exclamou o marquês.

Sentou-se à secretária e escreveu uma carta ao seu corretor na qual lhe ordenava que vendesse a todo o custo.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069