O Conde de Monte Cristo - Cap. 9: A festa de noivado Pág. 70 / 1080

Correra então a casa de todos os seus amigos, apresentara-se em casa das pessoas de Marselha susceptíveis de possuírem influência, mas já se espalhara o boato de que o rapaz fora preso como agente bonapartista, e como nessa época os mais optimistas consideravam um sonho insensato qualquer tentativa de Napoleão para recuperar o trono, só encontrara por toda a parte frieza, medo ou repúdio e regressara a casa desesperado e reconhecendo que a situação era grave e ninguém podia fazer nada.

Pela sua parte, Caderousse estava deveras inquieto e atormentado.

Em vez de sair, como fizera o Sr. Morrel; em vez de tentar qualquer coisa a favor de Dantès, embora, aliás, nada pudesse fazer por ele, fechara-se em casa com duas garrafas de cássis e procurara afogar a inquietação na embriaguez. Mas no estado de espírito em que se encontrava duas garrafas eram pouquíssimo para o porem inconsciente. Ficara portanto demasiado ébrio para ir buscar mais vinho e insuficientemente embriagado para que a embriaguez lhe extinguisse as recordações, apoiado nos cotovelos diante das duas garrafas vazias postas em cima de uma mesa coxa e vendo dançar, à luz da vela de pavio comprido, todos os espectros que Hoffmann espalhou pelos seus manuscritos húmidos de ponche como uma poalha negra e fantástica.

Só Danglars não estava atormentado nem inquieto. Danglars estava até alegre, pois vingara-se de um inimigo e assegurara a bordo do Pharaon o lugar que temia perder. Danglars era um desses homens calculistas que nascem com uma pena atrás da orelha e um tinteiro no lugar do coração. Neste mundo tudo era para ele subtração ou multiplicação, e um número parecia-lhe muito mais precioso do que um homem, quando esse número podia aumentar o total que o homem podia diminuir. Portanto, Danglars deitara-se à hora habitual e dormia tranquilamente.

Depois de receber a carta do Sr. Salvieux, beijar Renée nas duas faces, beijar a mão da Sr.ª de Saint-Méran e apertar a do marquês, Villefort corria pela estrada de Aix o Tio Dantès morria de dor e inquietação.

Quanto a Edmond, sabemos o que lhe aconteceu.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069