O Conde de Monte Cristo - Cap. 74: O jazigo da família Villefort Pág. 705 / 1080

Capítulo LXXIV - O jazigo da família Villefort

Dois dias mais tarde, por volta das dez horas da manhã, encontrava-se reunida uma multidão considerável à porta do Sr. de Villefort, para ver passar uma longa fila de carros fúnebres e carruagens particulares ao longo do Arrabalde de Saint-Honoré e da Rua da Pépinière.

Entre essas carruagens havia uma de forma singular e que parecia ter feito longa viagem. Era uma espécie de furgão pintado de preto e fora dos primeiros a comparecer ao fúnebre encontro.

Os curiosos tinham-se informado e haviam sabido que, devido a uma coincidência estranha, aquele carro encerrava o corpo do Sr. Marquês de Saint-Méran e que, portanto, aqueles que tinham vindo para acompanhar um só cadáver acompanhariam dois.

Preveniram-se imediatamente as autoridades e conseguiu-se que os dois funerais se realizassem ao mesmo tempo. Uma segunda viatura adornada com a mesma pompa funerária da primeira foi trazida para diante da porta do Sr. de Villefort e a urna transportada no furgão de posta transferida para a carruagem fúnebre.

Os dois corpos deviam ser inumados no Cemitério do Père-Lachaise, onde havia muito tempo o Sr. de Villefort mandara erguer o jazigo destinado a sepultar toda a sua família.

No jazigo fora já depositado o corpo da pobre Renée, a quem o pai e mãe se vinham juntar depois de dez anos de separação.

Paris, sempre curioso, sempre comovido com as pompas fúnebres, viu passar em religioso silêncio o cortejo esplêndido que acompanhava à sua última morada dois dos mais célebres nomes da velha aristocracia, pelo seu espírito tradicional, pela firmeza das suas convicções e pela dedicação obstinada aos príncipes.

Beauchamp, Albert e Château-Renaud, que seguiam na mesma carruagem, trocavam impressões acerca daquela morte quase súbita.

- Vi a Sr.ª de Saint-Méran ainda o ano passado, em Marselha, no meu regresso da Argélia - dizia Château-Renaud. - Parecia uma mulher destinada a viver cem anos, graças à sua perfeita saúde, ao seu espírito sempre atento e à sua actividade sempre prodigiosa. Que idade tinha ela?

- Sessenta e seis - respondeu Albert. - Pelo menos foi o que Franz me disse. Mas não foi a idade que a matou, foi o desgosto que lhe causou a morte do marquês. Parece que depois dessa morte, que a abalou violentamente, ela nunca mais recuperou por completo a razão.

- Mas enfim, de que morreu? - perguntou Beauchamp.

- De uma congestão cerebral, parece, ou de uma apoplexia fulminante. Não é a mesma coisa?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069