- Bem - disseram os olhos do velho.
- Agora, senhor, quer que me retire? - perguntou Morrel.
- Quero.
- Sem tornar a ver Mademoiselle Valentine?
- Sim.
Morrel fez sinal de que estava pronto a obedecer.
- Agora - prosseguiu - permite-me, senhor, que o seu neto o beije como beijou há pouco a sua neta?
Não havia motivo para se enganar com a expressão dos olhos de Noirtier. O rapaz pousou os lábios na testa do velho, no mesmo sítio onde Valentine pousara os dela.
Depois, cumprimentou segunda vez o velho e saiu.
Encontrou no patamar o velho criado. Prevenido por Valentine, este esperava Morrel e guiou-o através dos meandros de um corredor escuro que levava a uma portinha que dava para o jardim.
Chegado aí, Morrel alcançou o portão através da alameda de bordos e chegou num instante ao cimo do muro. Depois, pela escada, apenas num segundo, alcançou o campo de luzerna onde o cabriolé o esperava.
Subiu para a carruagem e, cansado de tantas emoções, mas com o coração mais liberto, chegou por volta da meia-noite à Rua Meslay, atirou-se para cima da cama e dormiu como se estivesse mergulhado em profunda embriaguez.