O Conde de Monte Cristo - Cap. 74: O jazigo da família Villefort Pág. 711 / 1080

- É verdade - declarou Villefort. - No entanto, desde já previno o Sr. de Epinay que enquanto eu for vivo nunca o testamento do meu pai será contestado, pois a minha posição proíbe-me até a sombra de um escândalo.

- Senhor - disse Franz -, penaliza-me que se tenha suscitado semelhante questão na presença de Mademoiselle Valentine. Nunca me informei do montante da sua fortuna, que, por mais reduzida que seja, será sempre mais considerável do que a minha. O que a minha família procurou na aliança com o Sr. de Villefort foi a consideração; o que eu procuro é a felicidade.

Valentine fez um imperceptível sinal de agradecimento, enquanto duas lágrimas silenciosas lhe corriam ao longo das faces.

- De resto, senhor - acrescentou Villefort, dirigindo-se ao seu futuro genro -, exceptuando a perda de parte das suas esperanças, esse testamento inesperado não tem nada que pessoalmente o possa melindrar; ele explica-se pela fraqueza de espírito do Sr. Noirtier. O que desagrada a meu pai, não é que Mademoiselle de Villefort se torne baronesa de Epinay, é que Valentine se case. Uma união com qualquer outro causar-lhe-ia o mesmo desgosto. A velhice é egoísta, senhor, e Mademoiselle de Villefort fazia ao Sr. de Noirtier uma assídua companhia que lhe não poderá fazer a Sr.ª Baronesa de Epinay. O triste estado em que se encontra meu pai contribui para que raramente lhe falemos de assuntos sérios, que a fraqueza do seu espírito lhe não permitiria acompanhar, e estou absolutamente convencido de que neste momento, embora conservando a lembrança de que a neta se casa, o Sr. Noirtier até já esqueceu o nome daquele que vai ser seu neto.

Mal o Sr. de Villefort acabara de proferir estas palavras, às quais Franz respondia com uma inclinação, a porta da sala abriu-se e apareceu Barrois.

- Senhores - disse uma voz estranhamente firme, para um criado que se dirige a seus amos numa circunstância tão solene -, senhores, o Sr. Noirtier de Villefort deseja falar imediatamente com o Sr. Franz de Quesnel, barão de Epinay.

Também ele, como o notário, e a fim de não poder haver erro de pessoa, dava todos os títulos ao noivo.

Villefort estremeceu, a Sr.ª de Villefort deixou escorregar o filho do colo e Valentine ergueu-se, pálida e muda como uma estátua.

Albert e Château-Renaud trocaram segundo olhar, mais atónito ainda do que o primeiro.

O notário olhou para Villefort.

- É impossível - disse o procurador régio. - De resto, o Sr. de Epinay não pode sair da sala neste momento.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069