O Conde de Monte Cristo - Cap. 75: A ata da sessão Pág. 714 / 1080

Mas agora há um segredo na gaveta e parece que você o conhece. Abra-a.

Barrois olhou para o velho.

- Obedece - disse o olhar inteligente de Noirtier.

Barrois obedeceu. Abriu-se um fundo duplo e apareceu um maço de papéis atados com uma fita preta.

- É isto que deseja, senhor? - perguntou Barrois.

- É - respondeu Noirtier.

- A quem devo entregar estes papéis? Ao Sr. de Villefort?

- Não.

- A Mademoiselle Valentine?

- Não.

- Ao Sr. Franz de Epinay?

- Sim.

Franz, atónito, deu um passo em frente.

- A mim, senhor? - perguntou.

- Sim.

Franz recebeu os papéis das mãos de Barrois, olhou para a capa e leu: «Para ser depositado, depois da minha morte, à guarda do meu amigo general Durand, que, por sua vez, ao morrer, legará este maço de papéis a seu filho, com a recomendação de o conservar como um documento da mais alta importância.»

- Bom, senhor, que deseja que faça destes papéis? - perguntou Franz.

- Que os conserve, selados como estão, sem dúvida - sugeriu o procurador régio.

- Não, não! - respondeu vivamente Noirtier.

- Deseja talvez que este senhor os leia? - perguntou Valentine.

- Sim - respondeu o velho.

- Como viu, Sr. Barão, o meu avô pede-lhe que leia esses papéis - disse Valentine.

- Então, sentemo-nos - disse Villefort, com impaciência -, porque isso demorará algum tempo.

- Sentem-se - disse o olhar do velho.

Villefort sentou-se, mas Valentine ficou de pé ao lado do avô, encostada à sua poltrona, e Franz, de pé diante dele.

Segurava o misterioso documento na mão.

-Leia - disseram os olhos do velho.

Franz abriu o maço e fez-se um grande silêncio no quarto. No meio desse silêncio, leu: «Extracto da acta de uma sessão do clube bonapartista da Rua Saint-Jacques, efectuada em 5 de Fevereiro de 1815.”

Franz deteve-se.

- 5 de Fevereiro de 1815! Foi o dia em que assassinaram o meu pai!

Valentine e Villefort permaneceram calados. Apenas o olhar do velho disse claramente:

- Continue.

- Mas foi ao sair desse clube que o meu pai desapareceu! - insistiu Franz.

O olhar de Noirtier continuou a dizer:

- Leia.

Franz prosseguiu:

- »Os abaixo assinados, Louis-Jacques Beaurepaire, tenente-coronel de artilharia; Etienne Duchampy, general debrigada, e Claude Lecharpal, director das águas e Florestas,

»Declaram que em 4 de Fevereiro de 1815 chegou da ilha de Elba uma carta que recomendava à benevolência e à confiança dos membros do clube bonapartista o general Flavien de Quesnelque, tendo servido o imperador desde 1804 até 1815, deveria ser dedicadíssimo à dinastia napoleónica, apesar do título de barão que Luís XVIII acabava de atribuir à sua propriedade de Epinay.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069