O Conde de Monte Cristo - Cap. 76: Os progressos de Cavalcanti filho Pág. 730 / 1080

- Pronto, falarei com ele.

- Não lhe digo que espero com prazer que seja bem sucedido; mas enfim, espero-o. Um banqueiro, como sabe, deve ser escravo da sua palavra.

E Danglars soltou um daqueles suspiros que soltava meia hora antes o jovem Cavalcanti.

- Bravi! Bravo! Brava.! - gritou Morcerf, parodiando o banqueiro aplaudindo o fim do trecho.

Danglars começava a olhar Albert de esguelha quando lhe vieram dizer umas palavras em voz baixa.

- Volto já - disse o banqueiro a Monte-Cristo: - Espere por mim. Talvez tenha alguma coisa a dizer-lhe daqui a pouco.

E saiu.

A baronesa aproveitou a ausência do marido para empurrar a porta da sala de estudos da filha, e todos viram endireitar-se, como que impelido por uma mola, o Sr. Andrea Cavalcanti, que estava sentado ao piano com Mademoiselle Eugénie.

Albert cumprimentou sorrindo Mademoiselle Danglars, que, sem parecer de modo algum perturbada, lhe correspondeu com um cumprimento tão frio como de costume.

Cavalcanti pareceu evidentemente embaraçado; cumprimentou Morcerf, que lhe retribuiu, o cumprimento com o ar mais impertinente do mundo.

Depois, Albert começou a desfazer-se em elogios à voz de Mademoiselle Danglars e a lamentar que, atendendo ao que acabava de ouvir, lhe não tivesse sido possível assistir à festa da véspera...

Cavalcanti, deixado entregue a si mesmo, afastou-se com Monte-Cristo.

- Bom - disse a Sr.ª Danglars - basta de música e de cumprimentos; venham tomar chá.

- Vem, Louise - disse Mademoiselle Danglars à amiga.

Passaram à sala contígua, onde efectivamente o chá estava preparado.

No momento em que começavam a deixar, à moda inglesa, as colheres nas chávenas, a porta abriu-se e Danglars reapareceu visivelmente muito agitado.

Monte-Cristo, sobretudo, notou essa agitação e interrogou o banqueiro com a vista.

- Acabo de receber o meu correio da Grécia... - disse Danglars.

- Ah, ah! - exclamou o conde. - Foi por isso que o vieram chamar?

- Foi.

- Como está o rei Otão? - perguntou Albert no tom mais jovial que se possa imaginar.

Danglars olhou-o de esguelha, sem lhe responder, e Monte-Cristo virou-se para esconder a expressão de piedade que acabava de lhe surgir no rosto e que se desvaneceu quase imediatamente.

- Saímos juntos, não é verdade? - perguntou Albert ao conde.

- Sim, se quiser - respondeu este.

Albert não compreendeu o olhar que o banqueiro lhe deitou. Por isso, virando-se para Monte-Cristo, que compreendera perfeitamente, observou:

- Viu como ele me olhou?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069