O Conde de Monte Cristo - Cap. 91: A mãe e o filho Pág. 869 / 1080

Foi buscar a condessa.

No momento em que o fiacre parou diante da porta e Albert se preparava para descer aproximou-se dele um homem, que lhe entregou uma carta.

Albert reconheceu o intendente.

- Do conde - disse Bertuccio.

Albert pegou na carta, abriu-a e leu-a.

Depois de a ler procurou com os olhos Bertuccio, mas enquanto o jovem lia a carta, Bertuccio desaparecera.

Então Albert, com as lágrimas nos olhos e o peito cheio de emoção, reentrou nos aposentos de Mercédès e, sem pronunciar uma palavra, estendeu-lhe a carta.

Mercédès leu:

Albert:

Mostrando-lhe que adivinhei o projecto que se prepara para pôr em prática, creio mostrar-lhe também que compreendo a sua dificuldade. Está livre, deixa o palácio do conde e leva consigo a sua mãe, livre como o senhor. Mas, pense nisto, Albert: o senhor deve-lhe mais do que lhe pode pagar, pobre nobre coração que é. Guarde para si a luta, reclame para si o sofrimento, mas poupe-a à miséria inicial que acompanhará inevitavelmente os seus primeiros esforços. Porque ela não merece sequer a sombra da desgraça que hoje a atinge e a Providência não quer que o inocente pague pelo culpado.

Sei que vão ambos deixar a casa da Rua do Helder sem levar nada Como o soube, não procure descobrir. Sei-o e é quanto basta.

Ouça, Albert:

Há vinte e quatro anos regressava muito contente e orgulhoso à minha pátria. Tinha uma noiva, Albert, uma santa rapariga que adorava, e trazia à minha noiva cento e cinquenta luíses amealhados penosamente à custa de um trabalho sem descanso.

Esse dinheiro era para ela, destinava-lho, e sabendo como o mar é pérfido, enterrara o nosso tesouro no jardinzinho da casa que o meu pai habitava em Marselha, nas Alamedas de Meilhan. A sua mãe, Albert, conhece bem essa pobre e querida casa.

Recentemente, ao regressar a Paris, passei por Marselha e fui ver essa casa de dolorosas recordações. E uma noite, de enxada na mão, sondei o canto onde enterrara o meu tesouro. A caixa de ferro estava ainda no mesmo lugar; ninguém lhe tocara; está no canto que uma bonita figueira, plantada por meu pai no dia do meu nascimento, cobre com a sua sombra.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069