O Conde de Monte Cristo - Cap. 91: A mãe e o filho Pág. 868 / 1080

Assim, minha boa mãe, vou daqui a casa de Franz pedir lhe que me empreste a pequena importância que calculei ser-me necessária.

- Tu, meu pobre filho! - exclamou Mercédès. - Tu conheceres a miséria, passares fome?! Oh. não digas isso ou quebras todas as minhas resoluções!

- Mas não as minhas, minha mãe - respondeu Albert. - Sou novo, sou forte e creio que sou corajoso, e desde ontem aprendi o que pode a vontade. Felizmente, minha mãe, ainda há pessoas que depois de tanto sofrerem não só não morreram como ainda ergueram nova fortuna sobre as ruínas de todas as promessas de felicidade que o céu lhes fizera, sobre os restos de todas as esperanças que Deus lhes dera! Aprendi isso, minha mãe, vitais homens. E sei que do fundo do abismo onde os lançaram os seus inimigos se ergueram com tanto vigor e glória que dominaram o seu antigo vencedor e o derrubaram por seu turno.

»Não, minha mãe, não; rompi a partir de hoje com o passado e não aceito mais nada dele, nem mesmo o meu nome, porque (compreende, minha mãe, não é verdade?) o seu filho não pode usar o nome de um homem que deve corar diante dos outros homens!

- Albert, meu filho - disse Mercédès -, se tivesse um coração mais forte seria esse o conselho que te daria. A tua consciência falou quando a minha voz se calava; escuta a tua consciência mas não desesperes, em nome da tua mãe! A vida ainda é bela na tua idade, meu caro Albert, pois tens apenas vinte e dois anos. E como a um coração tão puro como o teu é necessário um nome sem mácula, toma o do meu pai, que se chamava Herrera. Conheço-te, meu Albert; seja qual for a carreira que sigas, tornarás dentro de pouco tempo esse nome ilustre. Então, meu amigo, reaparecerás na sociedade ainda mais brilhante do que antes das tuas passadas desventuras; e se assim não acontecer, apesar de todas as minhas previsões, deixa-me ao menos esta esperança, a mim que só terei um único pensamento, a mim que já não tenho futuro e para quem a sepultura começa no limiar desta casa.

- Farei o que deseja, minha mãe - prometeu o jovem. - Sim, partilho a sua esperança: a cólera do céu não nos perseguirá, a si tão pura e a mim tão inocente. Mas uma vez que estamos resolvidos, mãos à obra. O Sr. de Morcerf saiu do palácio há cerca de meia hora. Como vê, a ocasião é favorável para evitar rumores e explicações.

- Fico à tua espera, meu filho - declarou Mercédès.

Albert correu imediatamente ao bulevar, donde trouxe o fiacre que os deveria levar para fora do palácio. Recordava-se de certa casinha mobilada, na Rua dos Sains-Pères, onde a mãe encontraria alojamento modesto, mas decente.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069