A Queda de um Anjo - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 1 / 207

Il.mo e Exmo. Sr. António Rodrigues Sampaio

Meu amigo

Volto a oferecer-lhe uma das minhas bagatelas. Chamo assim, para me fingir modesto, bagatelas a umas coisas que eu reputo no máximo valor. Se não fossem elas, naturalmente eu não chegaria a granjear a estima de V. Exa., que mas tem lido, e alguma vez louvado. Já V. Exa., antes de me conhecer, quis encravar a roda do meu infortúnio, roda com que eu estou sempre brincando como as crianças com os seus arcos. Que tinha eu feito para comover a benquerença do meu prestante amigo? Tinha feito uns livros futilíssimos, à imitação deste que lhe ofereço.

Não é esta boa oportunidade de eu vir com a minha oblação de pobre a V. Exa.. Lembra-me a sentença do nosso Diogo de Teive:

Donat cum egenus diviti

Retia videtur tendere.

Os praguentos hão-de querer ver aquelas redes, porque não sabem que V. Exa. já me constituiu, há muito, no dever de eterna e profunda gratidão.

Leça da Palmeira, 27 de Setembro de 1865

Camilo Castelo Branco





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