Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 18: XVIII - A Infamada

Página 103
..

- Pensemos noutra coisa, minha amiga - tornou Ângela com os olhos rasos de gozosas lágrimas. - Temos em que trabalhar?

- Não precisamos; que meu irmão deixou-me metade dos trezentos mil réis que foi ganhar. Apenas gastei duas moedas deste dinheiro. Abra vossa excelência essa gaveta, que lá está o resto.

- Mas é necessário trabalhar, minha irmã. A ociosidade é o tédio, é a doença, é o desespero. Olhe que eu, quando me chamavam a brasileira do meio milhão, em cada dia, costurava cinco horas. E foi bom conservar os costumes adquiridos na pobreza do convento. a pobreza voltou; mas desta vez encontra-me prevenida, e de mais a mais disposta a desafiá-la para que me incomode.

- E como o prazer lhe salta nos olhos! - dizia Joana a contemplá-la, e a saborear o seu quinhão daquela comunicável alegria.

- Não, que a minha irmã não imagina quanto me sinto bem! Parece que renasci! Ó Vitorina, vai ver como está isso lá de cozinha. Tenho vontade de jantar. Vamos jantar logo, Joanhinha?... E se seu irmão nos aparecesse agora! Se ele me encontrasse de posse do seu quarto e dos seus livros, e a escrever as minhas novas Esperanças... Esperanças! - sorriu ela, acentuando a palavra. - Agora é que as esperanças de amanhã não hão de inquietar o bem de hoje! Até agora o que eu esperava era isto... esta paz, esta doçura de viver, sem parentes, sem ninguém, senão com as pessoas que sacrifiquei, e me querem bem, apesar de tudo, não é verdade?

- Mas se seu marido a vem buscar, minha senhora!

- Buscar-me! Eu morri, ou ele morreu... não sei bem quem foi; mas o certo é que nos não veremos mais...

Àquela mesma hora, Hermenegildo jantava na cevadeira de Atanásio. Escarmentado pela ceia da véspera, não comeu empadão de ostras; mas fez-se em lagosta e salmão.

<< Página Anterior

pág. 103 (Capítulo 18)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 103

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174