Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 4: IV - Tribunal de honra Pág. 16 / 174

Vamos por partes. O amigo Fialho desconfia de sua mulher?

- Eu?

- Sim: parece-lhe que ela doidejou e lhe fez alguma patifaria?

- Eu sei cá, homem!... Vejo isto!... Ah! Esquecia-me de dizer que ela diz que deu o dinheiro aos pobres...

- Bem me fio eu nisso! Essa não amolo eu! - refutou Pantaleão, bascolejando nas queixadas um riso galego. - Aos pobres!...

- Também eu não a engulo! - concordou o irmão de misericórdia. - Que diga o nome dos pobres! Sim! queremos saber quem são os pobres. Física e moralmente falando, se ela o não disser, está provado o crime.

- Isso está! - obtemperou Atanásio. - E cá, se a tratantada fosse comigo, era negócio feito, percebe você?

- Você que faria? - perguntou Fialho.

- Eu?! Eu?! Então você ainda me não conhece? Eu cá era dois pontapés, e rua, percebe você?

- Isso não são modos! - obstou Pantaleão Mendes Guimarães. - Amigo Fialho, você averigue esse caso

com vagar.

- Não tenho que averiguar! - recalcitrou o marido de Ângela. - É isto que lhes digo. Gastou o dinheiro e não diz em quê.

- Então, convento com ela! - alvitrou o prudente Guimarães. - Um homem de créditos faz isto. Os amigos digam agora o que entenderem.

- Eu - opinou Joaquim José Bernardo, descascando os rebordos das ventas infectas - física e moralmente falando, também vou para aí, atendendo a que é melhor não dar escândalo. Você administra-lhe de comer e beber no convento, e não quer mais saber dela.

- E se lhe puser demanda a mulher?! - lembrou Atanásio.

- Demanda? Ora essa!... - acudiu Joaquim Bernardo. - Demanda?

- Sim; vamos que ela pede metade da fortuna, ou o dote de trinta contos com que o amigo Fialho a dotou?

- O amigo Fialho não tem nada - respondeu triunfantemente o árbitro. - Tudo que ele tem é nosso por uma escritura de dívida.





Os capítulos deste livro