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Capítulo 4: IV - Tribunal de honra

Página 17
Você tem procuração dessa mulher?

- Tenho.

- Então que lhe pague com um trapo, física e...

- Pelo que ouço - interrompeu Fialho - vocês, amigos, decidem que minha mulher se porta mal...

- Pois isso! - confirmou Pantaleão. - Nem dado nem de graça! Você inda duvida?!

- Eu, como não tenho desconfiado nem visto nada...

- Pudera ver... - redarguiu o fiscal da Misericórdia.

- E vocês tem ouvido falar de minha mulher? - perguntou Fialho.

- Olhe, isto de falar, fala-se de todas - respondeu o marido da maiata. - Nem a minha tem escapado, cá por certos zunzuns que me chegaram aos ouvidos; mas vêm barrados cá p’ra mim, que eu sei quem tenho...

Pantaleão e Atanásio trocaram uns lances de olhos velhacos, em que Hermenegildo entrou com o seu contingente de fino maroto.

- Isso é verdade - apoiou o marido de Francisca Ruiva. - A gente, se for a dar ouvidos à canalha, está perdida com a sua vida. Um homem tem sempre rabos de palha. Mas eu ando tanto ao seguro cá a respeito da minha honra, que desafio o mais pintado a dizer de minha mulher isto ou aquilo.

Desta vez os olhos de Joaquim encontraram os de Atanásio, enquanto Fialho lá entre si dizia: “Estás arranjado com a virtude de tua mulher...”

- Meus amigos, - disse Atanásio a seu turno - isto é terra de calunias e aleivosias. A inveja vinga-se em nos ferir no mais sagrado de nossas almas. Aqui estou eu que...

O truculento homicida do caixeiro ia fazer o elogio da consorte, quando Barrosas bradou impacientemente:

- Então em que ficamos, senhores?

- Em que ficamos?! - perguntou Atanásio.

- Sim! Os amigos estão aí a palavrear em objetos que não vêm à colação. Ora que tenho eu que as suas mulheres sejam isto ou aquilo? Se são boas e virtuosas, dêem graças a Deus, e tratem de remediar este contratempo.

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pág. 17 (Capítulo 4)

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 17

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174