Neste comenos, chegou a criada com o municipal e cabo de polícia.
- É ela mesma! Cá está a ladra! - bradou o brasileiro. - Com que então roubaste a pulseira de tua ama?!... Diz lá! Não respondes?
A criada abaixou a cabeça, e fechou hermeticamente os beiços, como se receasse que alguma palavra lhe fugisse.
- Que dizes tu, Vitorina? - bradou o amo. - Onde tens o dinheiro dos meus brilhantes? Diz onde está o dinheiro que eu não te meto na cadeia... Declaras ou não? Olhem a ladra que não tuge nem muge! Já viram? Olha que te rebento, mulher! Falas? Roubaste os brilhantes?... E esta! Nem palavra! Justiça com ela! Enxovia, até declarar onde está o meu dinheiro!...
Os circunstantes, espantados do silêncio da criada e talvez suspeitosos dalgum mistério talvez justificativo da inculpabilidade dela, instavam-na a responder.
- Perderia a fala com o susto - aventou o cabo, e sacudiu-a pelos ombros para lhe desemperrar a língua. - Você não pode falar, criatura? Que fez você ao dinheiro dos brilhantes?
- Gastei-o... - respondeu ela, soluçando.
- Ah! Já confessou? - interveio Hermenegildo. - Cadeia com ela, que eu cá vou a casa ver se me falta mais alguma coisa. Há de ir degredada.