Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 1: I - Aflições sudoríferas Pág. 4 / 174

comprados ao ourives que no-los vendeu; quanto aos que compramos a pessoa desconhecida, posto que já não estejam em nossa casa, restituiremos o seu valor, se vossa senhoria quiser; mas seria justo e honroso que o Sr. Fialho não sacrificasse quem o acautelou, para evitar que lhe roubem as outras jóias. Do contrário, teríamos de nos arrepender dum zelo que nos vem prejudicar...

Neste comenos, chegou a criada com o municipal e cabo de polícia.

- É ela mesma! Cá está a ladra! - bradou o brasileiro. - Com que então roubaste a pulseira de tua ama?!... Diz lá! Não respondes?

A criada abaixou a cabeça, e fechou hermeticamente os beiços, como se receasse que alguma palavra lhe fugisse.

- Que dizes tu, Vitorina? - bradou o amo. - Onde tens o dinheiro dos meus brilhantes? Diz onde está o dinheiro que eu não te meto na cadeia... Declaras ou não? Olhem a ladra que não tuge nem muge! Já viram? Olha que te rebento, mulher! Falas? Roubaste os brilhantes?... E esta! Nem palavra! Justiça com ela! Enxovia, até declarar onde está o meu dinheiro!...

Os circunstantes, espantados do silêncio da criada e talvez suspeitosos dalgum mistério talvez justificativo da inculpabilidade dela, instavam-na a responder.

- Perderia a fala com o susto - aventou o cabo, e sacudiu-a pelos ombros para lhe desemperrar a língua. - Você não pode falar, criatura? Que fez você ao dinheiro dos brilhantes?

- Gastei-o... - respondeu ela, soluçando.

- Ah! Já confessou? - interveio Hermenegildo. - Cadeia com ela, que eu cá vou a casa ver se me falta mais alguma coisa. Há de ir degredada.





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