..
- Deixe-me cá ver! - atalhou o brasileiro. - Mostre-me isso!
Mostram-lha.
Era a pulseira de Ângela.
Aqui principiou a borbulhar um sumo gomoso e crasso da testa do homem.
- É de minha mulher, acho eu! - tartamudeou ainda indeciso o Sr. Fialho. - Que é da criada?
- Está na polícia porque tentou fugir. Se vossa senhoria quer, vai um cabo buscá-la.
- Bom será, que eu não posso mexer-me... Parece que me arde o interior! Dão-me os senhores um copo de água, se fazem favor... Isto só no inferno! - prosseguiu o Sr. Barrosas, batendo na testa com os pulsos. - Minha mulher não vendia os brilhantes! É impossível! Vendê-los p’ra quê? P’ra quê, não me dirão os senhores?
- Pode ser que estejamos enganados - observou um dos honrados ourives; - mas o esclarecermo-nos é tão necessário para vossa senhoria como para nós. Se nos iludimos, ficamos contentíssimos e sossegados. As nossas suspeitas não ofendem ninguém senão a criada. Enfim, cumprimos um dever.
- Fazem muito bem - obtemperou o brasileiro; - mas minha esposa não vendia os brilhantes... Roubar-lhos a criada? Isso pode ser; mas... Que figura tem ela?
- Baixa, gorda, mais de meia idade, vestida limpamente.
- Os sinais são dela... Tem uma verruga no nariz, assim do feitio de ervilha?
- Não reparei...
- E um dos olhos assim a modo de vesgo?
- Parece que sim... Ela não pode tardar.
- E então os senhores - volveu o brasileiro com outro gesto de cara e tom de voz mais afinado - se os brilhantes forem meus, como há de isto ser?
- Como há de ser?!...
- Perdi-os, hem?
- Isto é outra questão
- Que questão? Eu acho que não há questão nenhuma... Se os senhores compraram uma coisa roubada...
- Provado o roubo, iremos haver a importância dos dois brilhantes ultimamente