Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 17: XVII - História dos brilhantes Pág. 93 / 174

- Então seu irmão...

- Meu irmão está comigo, minha senhora. Nunca nos desamparamos um ao outro, e Deus tem sido misericordioso conosco deixando-nos viver juntos...

- Aquela morte de seu marido... - balbuciou a sobrinha de D. Beatriz.

- Não me fale nisso, minha senhora, que ainda se me parte o coração, quando me lembro de o ver cheio de vida e lutando com a desgraça para poder pagar à Sr.ª D. Beatriz, sem vender a casa; e, em poucos dias, matou-o a paixão de se ver desonrado e...

- Sei tudo, sei tudo... - murmurou Ângela apartando-lhe as mãos. - Perdoe-me, sim? - continuou ela com a voz tremente. - Perdoe a quem foi a causa de morrer seu marido...

- A causa, minha senhora, não foi vossa excelência; foi a má estrela que nos perseguia. Ninguém podia prever o que aconteceu. Tão culpada foi a senhora, como eu, como o meu pobre Francisco. Por causa dele também vossa excelência padeceu muito, segundo lá ouvi dizer em Viana a uma criada que foi do convento. Afirmaram-me que vossa excelência chegara a sentir a precisão de trabalhar... Quem diria!...

- E que tem isso? Pior seria se o meu trabalho me não chegasse para o pão de cada dia... - refletiu Ângela.

- Quando contei isto a meu irmão, parecia que a luz dos olhos se lhe apagava nas lágrimas...

As duas senhoras referiram mutuamente a sua história, desde o momento em que se apartaram.

A leitora sensível antes quer ignorar misérias que ali se revelaram as duas amigas; que farte tristezas são já sabidas para piedade e simpatia.

Tinham decorrido três horas de prática entre sorrisos e lágrimas, quando Joana se levantou e disse:

- Deixe-me vossa excelência ir fazer o jantar de meu irmão.

- Espere... - atalhou Ângela, e foi ao seu quarto.

Parou à entrada, e exclamou, como se houvesse medo de entrar:

- Ah!

E, chamando Vitorina, perguntou com aflição:

- As jóias de minha mãe ficaram na quinta, não ficaram?

- Sim, minha senhora.





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