O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 9: SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I Pág. 45 / 245

Ia-me parecendo ter diante de mim o ideal mais perfeito, o tipo mais acabado do roman feuileton, quando inesperadamente encontro no folhetim publicado hoje as iniciais de um nome de homem - A. M. C. - acrescentando-se que a pessoa designada por estas letras é estudante de medicina e natural de Viseu. Eu tenho um amigo querido com aquelas iniciais no seu nome. É justamente estudante de medicina e natural de Viseu! O acaso não podia reunir tudo isto. Havia por tanto o intuito de fazer cobardemente uma insinuação infamíssima. Isto não é lícito a romancista nenhum.

A primeira impressão que senti foi a da repulsão e do tédio. Saindo de casa pouco depois da leitura do seu periódico, procurei o meu amigo para lhe ler a passagem que lhe dizia respeito, e pôr-me à sua disposição no caso que precisasse de mim para pedir quanto antes à redação do Diário de Noticias a satisfação de honra, que homens de educação e de brio não poderiam decerto recusar a semelhante agravo.

Em casa do meu amigo acabo porém de saber, cheio de confusão e de surpresa, que ele desapareceu e que é ignorado o seu destino!

Este desaparecimento e a coincidência achada na carta do doutor levam-me desgraçadamente a acreditar que por estranhas fatalidades o meu infeliz amigo se acha involuntariamente envolvido neste tenebroso negócio. A data do desaparecimento dele condiz perfeitamente com a que encontro na carta do seu correspondente. É claro que há pois em volta da pessoa de A. M. C., uma intriga real, uma emboscada talvez, uma traição.

Serei tristemente obrigado a ter por verídica, no todo ou em parte, a notícia que leio na sua folha?

Julgo do meu dever assegurar o seguinte:

Não sei o que o meu amigo A. M. C. ia fazer alta noite a essa casa desconhecida, tendo uma chave dela, martelo e pregos.





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