O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 15: CAPÍTULO III Pág. 93 / 245

Oh prima! confesse que é perfeita… Menino! acrescentei para o conde, passa-me depressa a soda, preciso calmantes…

No entanto Catain Ritmel, sentado junto de Carmen, falava da India, de velhos amigos de Calcutá, de recordações de viagens. A condessa não comia, parecia nervosa.

- Vou para cima, disse ela de repente, mandem-me chá.

Quando a viu subir, Ritmel ergueu-se, perguntando ao conde:

- Está incomodada a condessa?

- Levemente. Precisa de ar. Vá-lhe fazer um pouco de companhia, fale-lhe da India. Eu, não posso deixar este carril…

Eu tinha interesse em ficar à mesa em frente da luminosa Carmen, concentrei-me sobre o meu prato. O capitão tinha tomado logo o seu excêntrico chapéu índio, orlado de véus brancos.

Ao vê-lo seguir a condessa, a espanhola empalideceu. Momentos depois ergueu-se também, tomou uma larga capa de seda à maneira árabe de um bournous, enrolou-a em roda do corpo, e subiu para a tolda, apoiada numa alta bengala de castão de marfim.

O almoço tinha acabado. Falava-se da India, do teatro de Malta, de lord Derbi, dos Fenians; eu enfastiava-me, fui apertar a mão ao comandante, e fumar para cima um bom charuto, sentindo a brisa fresca do mar.

A condessa estava sentada num banco à pôpa; ao pé dela o capitão Ritmel, num pliant de vime.

Carmen passeava rapidamente ao comprido da tolda; às vezes, firmando-se nas cordagens, subia o degrau que contorna interiormente a amurada, e ficava olhando para o mar, enquanto a sua mantilha e a sua capa se enchiam de vento, e lhe davam uma aparência ondeada e balançada, que a assemelhava àquelas divindades que os escultores antigos enroscavam no flanco dos galeões!





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