As famílias apresentam aspectos estranhos cujas causas podem ter o seu interesse; mas não é disso que aqui se trata para explicar como Adriano nunca viria a encontrar no irmão um rival. Roberto tinha por Laurence a afeição de um parente e o respeito de um nobre por uma jovem da sua casta. No ponto de vista dos sentimentos, o mais velho dos Hauteserre pertencia a essa seita de homens que consideram a mulher dependente do homem, reduzindo ao físico o seu direito de maternidade, desejando dela muita perfeição e não lhe prestando grandes atenções. Na sua opinião, admitir a mulher na sociedade; na política, na família, é uma sublevação social.
Tão longe estamos hoje dessa velha opinião dos povos primitivos que quase todas as mulheres, inclusivamente aquelas que não aspiram à funesta liberdade oferecida pelas novas seitas, poderão sentir-se chocadas com isto; mas Roberto de Hauteserre tinha a desgraça de pensar assim. Roberto era um homem da Idade Média, o mais novo, um homem do seu tempo. Estas disparidades, em vez de impedirem o afecto, pelo contrário, haviam-no espicaçado entre os dois irmãos.