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Capítulo 12: XII - UM DUPLO E MESMO AMOR

Página 132
Logo na primeira noite deram por estas diferenças e muito as apreciaram o cura, a Menina Goujet e a Senhora de Hauteserre, que, mesmo jogando o seu boston, se iam dando conta das dificuldades do futuro.

Com vinte e três anos: após as reflexões da solidão e as angústias de um vasto plano falhado, Laurence, que voltara a ser mulher, experimentava uma necessidade imensa de afecto; ei-la que mostra, todas as graças do seu espírito, e em verdade é encantadora. Revelou as seduções da sua ternura com a ingenuidade de uma criança de quinze anos. Durante aqueles últimos treze anos, Laurence só fora mulher no sofrimento, por isso quis desforrar-se; era agora tão amante e coquette como fora até aí grande e forte. Por isso os quatro velhos, os últimos a deixarem o salão; pareciam muito inquietos com a nova atitude daquela rapariga encantadora.

Ah! qual não seria a força da paixão em jovem com tal carácter e tal nobreza! Os dois irmãos amavam a mesma mulher e com que cega ternura! Qual dos dois escolheria Laurence? Escolher um, não seria matar o outro? Condessa por sua própria autoridade, daria a seu marido um título e belos privilégios uma longa ilustração; talvez que, pensando nestas vantagens, o marquês de Simeuse se sacrificasse, para que o irmão desposasse Laurence, uma vez que ele, pelas leis velhas, era pobre e sem título. Mas quereria o mais novo dos irmãos privar o mais velho de tão grande felicidade como seria a de ter Laurence por mulher?

Longe, este combate amoroso poucos ou nenhuns inconvenientes tinha; e, de resto, enquanto os dois irmãos corriam perigo, o azar dos combates poderia encarregar-se de resolver a dificuldade; mas que iria suceder agora que estavam todos juntos? Quando Maria-Paulo e Paulo-Maria, um e outro na idade em que as paixões lavram com toda a força, partilhassem os olhares, as expressões, as atenções, as palavras de sua prima, não uma a declarar-se entre eles um ciúme cujas consequências poderiam ser horríveis? Que seria feito da bela existência igual e simultânea dos dois gémeos?

A estas presunções, jogadas, uma por uma, por cada um dos parceiros durante a última parte do boston, a Senhora de Hauteserre respondeu estar convencida de que Laurence não casaria com nenhum dos seus primos.

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pág. 132 (Capítulo 12)

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Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 132

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236