Um Caso Tenebroso - Cap. 16: XVI - AS DETENÇÕES Pág. 176 / 249

Estou convencido de que o director do júri, de acordo com o senador, abafará o processo.

- Nós não percebemos absolutamente nada das vossas perguntas- tornou-lhe o marquês de Simeuse.

- Se toma as coisas por esse lado, está servido - murmurou o tenente.

- Querida prima-s-disse o marquês de Simeuse a Laurence -, vamos para a cadeia; mas não fique em cuidado; voltaremos dentro de algumas horas. Há em tudo isto um mal-entendido que deve ser esclarecido.

- Para vosso benefício é isso mesmo que eu desejo - disse o magistrado, fazendo sinal a Giguet para levarem os quatro gentis-homens, Gothard e Michu. - Não os leve para Troyes - disse ele ao tenente-, mantenha-os no vosso posto de Arcis: têm de estar presentes amanhã, de dia, no confronto das ferraduras dos cavalos com as marcas deixadas no parque.

Lechesneau e Pigoult só partiram depois de interrogarem Catarina, o Senhor e a Senhora de Hauteserre e Laurence. Os Durieu, Catarina e Marta declararam não ter visto os seus amos senão ao almoço; o Senhor de Hauteserre declarou tê-los visto às 3 horas. Ouando, à meia-noite, Laurence se viu entre o Senhor, a Senhora de Hauteserre, perante o abade Goujet e a senhora sua irmã, sem os quatro rapazes - que havia dezoito meses eram a vida daquele castelo, o seu amor e a sua alegria -, por muito tempo se conservou num silêncio que ninguém ousou quebrar. Nunca outra aflição fora nela mais profunda e completa. Por fim ouviram um suspiro, olharam.

Marta, esquecida a um canto, levantou-se, dizendo:

- A morte! Minha senhora... Vão matá-los, apesar de estarem inocentes!

- Que fizestes vós? - perguntou o cura. Laurence saiu sem responder. Precisava de solidão para recuperar a força perdida no meio daquele desastre imprevisto.





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