Aos treze anos. Laurence, depois dos acontecimentos referidos, viu-se órfã perante a praça onde ainda na véspera se erguia, em Troyes, uma das mais curiosas edificações arquitectónicas do século XVI, o solar Cinq-Cygne. O Senhor, de Hauteserre, um dos parentes, nomeado seu tutor, levou imediatamente a herdeira para o campo. Esse digno gentil-homem da província, alarmado com a morte do abade Hauteserre, seu irmão, atingido por uma bala, em plena praça, no momento em que fugia disfarçado de aldeão, não se encontrava em posição que lhe permitisse defender os interesses da sua pupila: tinha dois filhos no exército dos príncipes, e não havia dia em que ao menor ruído se não convencesse que os municipais de Ardis o vinham prender. Orgulhosa de ter sabido defender a sua casa cercada, e de possuir a brancura histórica das suas antepassadas, Laurence desdenhava da prudente cobardia do velho, vergado pelos ventos tempestuosos, e só, sonhava engrandecer-se. Eis porque, audaciosamente, dependurou no seu pobre salão de Cinq-Cygne o retrato de Charlotte Corday, encimado por uma coroa de ramos, de carvalho. Correspondia-se através de um emissário, com os dois gémeos, indiferente à lei, que a condenaria à morte. O mensageiro, que, pelo seu lado, também arriscava a vida, trazia as respostas. Após a catástrofe de Troyes, Laurence, aliás, só vivia para o triunfo da causa real.