Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE

Página 45
Depois de julgar com toda a lucidez o Senhor e a Senhora de Hauteserre, e de ter reconhecido neles uma" natureza digna, mas sem energia, afastou-os das leis da sua esfera. Era demasiado inteligente e indulgente de mais para lhes querer mal pelo seu fraco carácter; boa, amável, afectuosa para com eles, não lhes confiou um SÓ dos seus segredos. Não há nada que mais insensibilize a alma que a dissimulação constante no seio da família.

Quando atingiu a maioridade, Laurence deixou que continuasse a gerir os seus negócios o bom Senhor de Hauteserre, tal como até então. Desde que a sua égua favorita fosse bem pensada; que a criada Catarina andasse como ela gostava, e o seu criadito Gothard se apresentasse convenientemente vestido, o resto pouco lhe importava. Punha a sua ideia em escopo por de mais elevado para descer a preocupar-se com coisas que, noutros tempos, sem dúvida muito lhe teriam agradado, Os adornos não lhe diziam nada, e de resto os primos estavam ausentes. Laurence tinha urna amazona verde-garrafa para montar a cavalo, um vestido de pano comum com o peitilho guarnecido de alamares, para sair a pé, e para usar em casa um roupão de seda. Escoltava-a Gothard, o seu pequeno escudeiro, atilado e corajoso rapazinho de quinze anos, pois andava sempre por fora, e caçava em todas as terras de Gondreville, sem que os rendeiros ou Michu lhe dissessem fosse o que fosse. Montava muito bem a cavalo e na caça era de uma destreza miraculosa. Naqueles sítios chamavam-lhe a Menina, mesmo durante a Revolução.

Quem tiver lido, porventura, o belo romance Rob Roy, deve lembrar-se de um dos raros caracteres de mulher em cuja pintura Walter Scott abandonou os seus hábitos de homem frio: o de Diana Vernon. Esta figura pode ajudar a fazer compreender Laurence, caso se junte às qualidades da caçadora escocesa a contida exaltação de Charlotte Corday, suprimindo embora a amável vivacidade que torna Diana atraente.

<< Página Anterior

pág. 45 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 45

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236