Um Caso Tenebroso - Cap. 7: VII - A VISITA DOMICILIARIA Pág. 70 / 249

Corentin era, sem reservas, dedicado a Fouché, como o Senhor de la Besnardiere ao príncipe de Talleyrand, Gentz ao Senhor de Matternich, Dundas a Pitt, Duroc a Napoleão, Chavigney ao cardeal de Richelieu. Corentin foi não o conselheiro deste ministro, mas a sua alma danada, o Tristão secreto deste Luís XI de via reduzida; por isso Fouché o deixara naturalmente no ministério da polícia, para ter aí um olho e um braço. Este rapaz - dizia-se - devia pertencer a Fouché por um desses parentescos que se não confessam, pois a verdade é que o recompensava largamente sempre que o punha em actividade. Corentin tinha em Peyrade, o velho aluno do último tenente da polícia, um verdadeiro amigo; no entanto, guardou segredos para Peyrade. Corentin recebeu de Fouché ordem de explorar o castelo de Gondreville, de inscrever na memória o seu plano, e de tomar conhecimento dos seus mais pequenos esconderijos.

- Naturalmente vamos ser obrigados a voltar lá - disse-lhe o ex-ministro, exactamente como Napoleão dizia aos seus tenentes que examinassem o campo de batalha de Austerlitz, até onde contava recuar.

Corentin devia ainda estudar o comportamento de Malin, informar-se sobre a sua influência na região e observar os homens que ele aí tinha ao seu serviço. Fouché encarava como certa a presença dos Simeuse naqueles sítios. Espiando com habilidade estes dois oficiais estimados do príncipe de Condé, Peyrade e Corentin podiam vir a adquirir preciosas luzes sobre as ramificações da conjura para além-Rena. Fosse como fosse, Corentin teve os fundos, as ordens e os agentes necessários para cercar Cinq-Cygne e pesquisar a região desde a floresta de Nodesme até Paris. Fouché recomendou a maior circunspecção e só admitiu a visita domiciliária a Cinq-Cygne no caso de informações positivas dadas por Malin.





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