Um Caso Tenebroso - Cap. 8: VIII-UM RECANTO DA FLORESTA Pág. 87 / 249

Se eu conseguir encontrá-los, escondemo-los aqui, e aqui os manteremos ate ao fim. Dir-se-ia que o paizinho deles adivinhava quando me pôs na pista deste esconderijo: parecia adivinhar que os seus filhos aqui viriam um dia a esconder-se!

- A minha égua é das coudelarias do conde de Artois; é filha do seu melhor cavalo inglês; mas já tem hoje trinta e seis léguas andadas; acabaria por morrer antes de te levar ao teu destino - observou ela.

- O meu cavalo é bom - tornou-lhe Michu e se a menina já fez hoje trinta e seis léguas, eu só devo ter que fazer umas dezoito!

- Vinte e três - disse ela -, pois já vão a caminho há cinco horas. Deverás encontrá-los nas imediações de Lagny, em Coupvrai, de onde pensam sair de madrugada disfarçados de marujos; contam entrar de barco em Paris. Aqui tens - prosseguiu ela, retirando do dedo metade da aliança da mãe - a única coisa em que eles acreditarão: dei-lhes a outra metade. O guarda de Coupvrai, pai de um dos soldados que os acompanham, tem-nos escondidos esta noite numa barraca abandonada pelos carvoeiros, no meio da floresta. São oito ao todo. Os Senhores de Hauteserre e mais quatro homens acompanham meus primos.

- Menina, não podemos correr atrás de soldados; pensemos agora só nos Senhores de Simeuse, e deixemos que os outros se safem. Não basta que a gente lhes grite: salve-se quem puder?

- Abandonar os Hauteserre? Nunca! - exclamou ela. - Têm de morrer ou salvar-se juntos!

- Uns fidalgotes? - objectou Michu.

- Bem sei que são apenas cavaleiros - replicou ela -, bem sei; mas aliaram-se aos Cinq-Cygne e aos Simeuse. Traz-me. pois, os meus primos e os Hauteserre, e troquem impressões sobre a melhor maneira de eles chegarem até esta floresta.

- Os gendarmes ainda lá estão! Ouve-os? Estão a discutir uns com os outros.





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