O Conde de Monte Cristo - Cap. 37: As Catacumbas de São Sebastião Pág. 357 / 1080

- Diabo - disse o duque -, é mau dia, ou antes, é má noite para uma pessoa se demorar lá por fora! Não é verdade, Sr.ª Condessa?

Estas últimas palavras dirigiam-se à condessa G.... que acabava de chegar e passeava pelo braço do Sr. Torlonia, irmão do duque.

- Acho, pelo contrário, que se trata de uma noite encantadora - respondeu a condessa. - Aqueles que estão aqui só se queixarão de uma coisa: de que passará demasiado depressa.

- Por isso - redarguiu o duque, sorrindo -, não me refiro às pessoas que estão aqui. Essas só correm um perigo: os homens, o de se apaixonarem pela senhora; as mulheres de adoecerem de inveja ao verem-na tão bela. Refiro-me às pessoas que andam pelas ruas de Roma.

- Meu Deus - perguntou a condessa -, quem anda pelas ruas de Roma a estas horas, a não ser que seja para ir ao baile?

- O nosso amigo Albert de Morcerf, Sr.ª Condessa, que deixei atrás da sua desconhecida por volta das sete horas da noite - respondeu Franz - e que desde então nunca mais vi.

- Como, e não sabe onde está?

- Não faço a mais pequena ideia.

- Está armado?

- Foi vestido de palhaço.

- Não o devia ter deixado ir - disse o duque a Franz - pois conhece Roma melhor do que ele.

- Pois sim, mas seria o mesmo que tentar deter o número três dos barberi, que hoje ganhou a corrida - respondeu Franz. - De resto, que lhe poderia acontecer?

- Sei lá! A noite está muito escura e o Tibre fica muito perto da Via Macello. Franz sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo ao ver o duque e a condessa tão de acordo com as suas inquietações pessoais.

- Por isso deixei recado no hotel de que tinha a honra de passar a noite em sua casa, Sr. Duque - disse Franz -, para me virem anunciar o seu regresso.

- Olhe - atalhou o duque -, creio precisamente que um dos meus criados anda à sua procura.

O duque não se enganava. Ao ver Franz, o criado aproximou-se dele.

- Excelência - disse -, o dono do Hotel de Espanha manda dizer-vos que está lá à vossa espera um homem com uma carta do visconde de Morcerf.

- Com uma carta do visconde?! - exclamou Franz.

- Exactamente.

- E quem é esse homem?

- Ignoro-o

- Porque não veio trazer-ma aqui?

- O mensageiro não me deu nenhuma explicação.

- E onde está o mensageiro?

- Foi-se embora assim que me viu entrar na sala do baile para vos prevenir.

- Oh, meu Deus, vá depressa - rogou a condessa a Franz. - Pobre rapaz, foi capaz de ter algum acidente.

- Vou imediatamente - respondeu Franz.

- Voltará, para nos dar notícias? - perguntou a condessa.

- Voltarei, se o caso não for grave. De contrário, não sei o que será de mim próprio.

- Em todo o caso, prudência - recomendou a condessa.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069