O Conde de Monte Cristo - Cap. 38: O encontro Pág. 371 / 1080

- Excelente! - exclamou Albert. - O pequeno-almoço estará pronto.

- Onde mora?

- Na Rua do Helder, n.º 27

- Vive sozinho? Não o irei incomodar?

- Moro no palácio do meu pai, mas num pavilhão ao fundo do pátio, inteiramente independente.

- Muito bem.

O conde pegou na sua agenda e escreveu: «Rua do Helder, n.º 27, 21 de Maio às dez e meia da manhã.»

- E agora - disse, guardando a agenda na algibeira -, fique tranquilo: os ponteiros do seu relógio não serão mais exactos do que os do meu.

- Tornarei a vê-lo antes da minha partida? - perguntou Albert.

- Conforme. Quando parte?

- Amanhã, às cinco da tarde.

- Nesse caso, despeço-me. Tenho assuntos a tratar em Nápoles e só regressarei no sábado à noite ou no domingo de manhã. E o senhor também parte, Sr. Barão? - perguntou o conde a Franz.

- Também.

- Para França?

- Não, para Veneza. Fico ainda um ou dois anos em Itália.

- Não nos veremos portanto em Paris?

- Não creio ter essa honra.

- Então, meus senhores, boa viagem - disse o conde aos dois amigos, estendendo-lhes a mão.

Era a primeira vez que Franz tocava na mão daquele homem. Estremeceu, pois estava gelada como a de um morto.

- Pela última vez - disse Albert -, está bem assente, sob palavra de honra, não é verdade? Rua do Helder, n.º 27, em 21 de Maio às dez e meia da manhã?

- Em 21 de Maio às dez e meia da manhã, Rua do Helder, n.º 27 - repetiu o conde.

Em seguida, os dois jovens cumprimentaram o conde e saíram.

- Que tem? - perguntou Albert a Franz, quando entraram nos seus aposentos. - Tem um ar muito preocupado.

- E estou-o, confesso-o - declarou Franz. - O conde é um homem singular e vejo com inquietação esse encontro que lhe marcou em Paris.

- Este encontro... com inquietação... Ora essa! Enlouquece meu caro Franz? - redarguiu Albert.

- Que quer - respondeu Franz -, louco ou não, é assim.

- Escute - volveu-lhe Albert -, e ainda bem que tenho oportunidade de lhe dizer isto: tenho-o achado sempre muito frio com o conde, que pelo contrário tem sido sempre impecável connosco. Tem alguma coisa especial contra ele?

- Talvez.

- Já o tinha visto nalgum lado antes de o encontrar aqui?

- Já.

- Onde?

- Promete-me não dizer a ninguém uma palavra do que lhe vou contar?

- Prometo.

- Palavra de honra?

- Palavra de honra.

- Está bem. Escute então.

E Franz contou a Albert a sua excursão à ilha de Monte-Cristo, onde encontrara uma tripulação de contrabandistas e no meio dessa tripulação dois bandidos corsos.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069