O Conde de Monte Cristo - Cap. 50: A família Morrel Pág. 493 / 1080

- Senhor - prosseguiu Maximilien, levantando o globo de cristal e beijando religiosamente a bolsa de seda -, isto foi tocado pela mão de um homem por quem o meu pai foi salvo da morte, nós da ruína, e o nosso nome, da vergonha; de um homem graças ao qual nós, pobres crianças votadas à miséria e às lágrimas, podemos hoje ver as pessoas extasiarem-se perante a nossa felicidade. Esta carta - e Maximilien tirou um bilhete da bolsa e apresentou-o ao conde -, esta carta foi escrita por ele no dia em que meu pai tomara uma resolução desesperada, e este diamante foi dado em dote à minha irmã por esse generoso desconhecido.

Monte-Cristo abriu a carta e leu-a com indefinível expressão de prazer. Era o bilhete que os nossos leitores conhecem, dirigido a Julie e assinado por Simbad, o Marinheiro.

- Desconhecido, diz o senhor? Então o homem que lhes prestou esse favor não se lhes deu a conhecer?

- Não, senhor, nunca tivemos a felicidade de lhe apertar a mão. E não foi à falta de pedirmos a Deus esse favor - prosseguiu Maximilien. - Mas houve em todas as aventuras uma direcção misteriosa que ainda não conseguimos compreender; foi tudo conduzido por uma mão invisível, poderosa como a de um encantador.

- Oh, ainda não perdi de todo a esperança de beijar um dia essa mão como beijo a bolsa em que ela tocou! - interveio Julie. - Há quatro anos, Penelon estava em Trieste. Penelon, Sr. Conde, é o excelente marinheiro que viu de enxada na mão e que de contramestre se fez jardineiro. Penelon estava pois em Trieste quando viu no cais um inglês que ia embarcar num iate e reconheceu o homem que procurara o meu pai em 5 de Junho de 1829 e me escrevera esse bilhete em 5 de Setembro. Era sem dúvida o mesmo, ao que ele afirma, mas não se atreveu a falar-lhe.

- Um inglês!.. - murmurou Monte-Cristo, pensativo, preocupado com os olhares que lhe deitava Julie. - Um inglês, diz a senhora?

- Sim - confirmou Maximilien -, um inglês que se apresentou em nossa casa como mandatário da Casa Thomson & French, de Roma. Aqui tem por que motivo, quando disse no outro dia em casa do Sr. de Morcerf que os Srs. Thomson & French eram os seus banqueiros, me viu estremecer. Em nome do Céu, senhor, isto passou-se, como lhe dissemos, em 1829; conheceu esse inglês?

- Mas não me disseram também que a Casa Thomson & French negou terminantemente ter-lhes prestado esse serviço?

- Dissemos.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069