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Capítulo 50: A família Morrel

Página 494

- Então esse inglês não seria um homem que, reconhecendo-se devedor para com o seu pai de alguma boa acção que o próprio Sr. Morrel teria esquecido, aproveitasse esse pretexto para lhe ser útil?

- Tudo é possível, senhor, em semelhantes circunstâncias, até um milagre.

- Como se chamava ele? - perguntou Monte-Cristo.

- Não deixou outro nome - respondeu Julie olhando o conde com a mais profunda atenção - a não ser aquele com que assinou o bilhete: «Simbad, o Marinheiro.»

- O que não é um nome, evidentemente, mas sim um pseudónimo.

Depois, como Julie o olhasse cada vez mais atentamente e procurasse apanhar no ar e reunir algumas notas da sua voz, prosseguiu:

- Vejamos, não é um homem pouco mais ou menos da minha estatura, um bocadinho mais alto talvez, e um pouco mais magro, afogado numa gravata alta, abotoado, espartilhado, empertigado e sempre de lápis na mão?

- Oh, mas então o senhor conhece-o! - exclamou Julie, com os olhos cintilantes de alegria.

- Não - respondeu Monte-Cristo. - Suponho apenas. Conheci um Lorde Wilmore que deixava assim atrás de si rastos de generosidade.

- Sem se dar a conhecer?

- Era um homem estranho, que não acreditava no reconhecimento.

- Oh! - exclamou Julie em tom sublime e juntando as mãos. - Em que acreditava então o infeliz?

- Não acreditava na gratidão, pelo menos na época em que o conheci - respondeu Monte-Cristo, a quem aquela voz vinda do fundo da alma fizera vibrar até à última fibra. - Mas desde então é provável que tenha tido alguma prova do que o reconhecimento existia.

- E o senhor conhece esse homem? - perguntou Emmanuel.

- Oh, se o conhece, senhor, diga, diga! - exclamou Julie. - Pode levar-nos à sua presença, mostrar-no-lo, dizer-nos onde está? Maximilien, Emmanuel: se o encontrarmos alguma vez, temos de o convencer a acreditar na memória do coração.

Monte-Cristo sentiu duas lágrimas rolarem-lhe dos olhos. Deu mais alguns passos na sala.

- Em nome do Céu, senhor, se sabe alguma coisa acerca desse homem, diga-nos o que sabe! - pediu Maximilien

- Infelizmente - respondeu Monte-Cristo, contendo a emoção da voz -, se foi Lorde Wilmore o seu benfeitor, receio muito que o não encontrem. Deixei-o há dois ou três anos em Palermo, de partida para os países fabulosos; por isso duvido muito que algum dia volte.

- O senhor é cruel! - exclamou Julie, espantada.

E as lágrimas acudiram aos olhos da jovem.

- Minha senhora - disse gravemente Monte-Cristo, devorando com a vista as duas pérolas líquidas que rolavam pelas faces de Julie -, se Lorde Wilmore visse o que acabo de ver aqui, voltaria a amar a vida, pois as lágrimas que a senhora derrama reconciliá-lo-iam com o género humano.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 494

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069