O Conde de Monte Cristo - Cap. 69: As informações Pág. 659 / 1080

Fora lá que ele, Wilmore, o encontrara pela primeira vez e tinham combatido um contra o outro. Nessa guerra, Zaccone fora feito prisioneiro e enviado para Inglaterra num pontão, mas fugira a nado. Tinham começado então as suas viagens, os seus duelos e as suas paixões. Por essa altura, a Grécia revoltara-se e ele servira nas fileiras dos Gregos. Enquanto estava ao seu serviço, descobrira uma mina de prata nas montanhas da Tessália, mas não revelara a ninguém tal descoberta. Depois de Navarino e da consolidação do governo grego, pediu ao rei Otão um alvará para explorar a mina, o qual lhe foi concedido. Dai a sua imensa fortuna, que, segundo Lorde Wilmore, podia ascender a um ou dois milhões de rendimento, fortuna que no entanto poderia exaurir-se de súbito, se a mina se esgotasse.

- Mas não sabe porque veio a França? - perguntou o visitante.

- Quer especular nos caminhos-de-ferro - respondeu Lorde Wilmore. - Além disso, como é um hábil químico e um físico não menos distinto, descobriu um novo telégrafo cuja aplicação ambiciona.

- Quanto gasta pouco mais ou menos por ano? - perguntou o enviado do Sr. Prefeito da Polícia.

- Oh, quinhentos ou seiscentos mil francos, no máximo! - respondeu Lorde Wilmore. - É um sovina.

Era evidente que o rancor é que fazia falar o inglês, o qual, não sabendo o que censurar ao conde, lhe censurava a avareza.

- Sabe alguma coisa a respeito da sua casa de Auteuil?

- Claro que sei.

- Nesse caso, que sabe?

- Quer saber com que fim a comprou?

- Quero.

- Bom, o conde é um especulador que certamente acabará por se arruinar com experiências e utopias. Pretende que existe em Auteuil, nas imediações da casa que acaba de comprar, uma corrente de água mineral capaz de rivalizar com as águas de Bagnères, de Luchon e de Cauterets. Quer transformar a sua aquisição num bad-haus, como dizem os Alemães. Lá revolveu duas ou três vezes o jardim à procura do famoso curso de água, e como o não conseguiu descobrir, vai ver que dentro de pouco tempo desata a comprar as casas que rodeiam a dele. Ora, como lhe desejo, espero que graças ao seu caminho-de-ferro, ao seu telégrafo eléctrico ou à sua exploração de banhos acabe por se arruinar. Então, cá estarei para desfrutar a sua ruína, que não pode deixar de acontecer mais dia menos dia.

- Mas porque lhe quer assim tão mal? - perguntou o visitante.

- Odeio-o - respondeu Lorde Wilmore - porque numa das suas passagens por Inglaterra seduziu a mulher de um dos meus amigos.

- Mas se o odeia, porque não procura vingar-se dele?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069