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Capítulo 81: O quarto do padeiro reformado

Página 778
Aprovou com entusiasmo a minha decisão; disse-me até que não acreditava que o meu pai hesitasse um instante em dar-me o capital em vez da renda e prometeu-me a sua influência para me ajudar a obter isso dele; mas declarou-me que pessoalmente nunca tomara nem tomaria a responsabilidade de fazer um pedido de casamento. Mas, devo prestar-lhe essa justiça, dignou-se acrescentar que se alguma vez deplorara essa repugnância, nunca a deplorara tanto como agora, a meu respeito, pois pensava que a união projectada seria feliz e adequada. De resto, embora nada queira fazer oficialmente, disse-me que não terá dúvida em tocar no assunto quando o senhor lhe quiser falar dele.

- Ah, muito bem!

- Agora - disse Andrea, com o seu mais encantador sorriso -, uma vez que já acabei de falar ao sogro, dirijo-me ao banqueiro.

- Que deseja? - perguntou Danglars, também rindo.

- Depois de amanhã tenho a receber no seu banco uns quatro mil francos. Mas o conde compreendeu que o mês em que vamos entrar talvez me traga um aumento de despesas que a minha pequena mesada de rapaz não suportaria, e por isso aqui tem uma ordem de pagamento de vinte mil francos que ele, não direi me deu, mas sim me ofereceu. Está assinada pelo seu punho, como vê. Aceita-a?

- Traga-me ordens destas no valor de um milhão, que eu aceito-as todas - respondeu Danglars, metendo a ordem de pagamento na algibeira. - Diga-me a que horas quer o dinheiro amanhã e o meu pagador passará por sua casa com um recibo de vinte e quatro mil francos.

- Às dez da manhã, se não se importa. Quanto mais cedo, melhor. Tenciono ir até ao campo, amanhã...

- Seja, às dez horas. Continua no Hotel dos Príncipes?

- Continuo.

No dia seguinte, com uma exactidão que honrava a pontualidade do banqueiro, os vinte e quatro mil francos estavam em poder do rapaz, que saiu efectivamente, deixando duzentos francos para Caderousse.

A saída tinha, da parte de Andrea, como objectivo principal evitar o seu perigoso amigo. Por isso, regressou à noite o mais tarde possível.

Mas assim que pôs o pé no pavimento do pátio, encontrou diante de si o porteiro do hotel, que o esperava de boné na mão.

- Excelência, veio o tal homem - informou.

- Qual homem? - perguntou negligentemente Andrea, como se o tivesse esquecido, quando, pelo contrário, se lembrava dele muito bem.

- Aquele a quem V. Ex.a dá aquela pensãozinha.

- Ah, sim, o antigo criado do meu pai! - disse Andrea. - E você deu-lhe os duzentos francos que lhe deixei para ele.

- Pois dei, Excelência.

Andrea fazia-se tratar por Excelência.

- Mas - continuou o porteiro - ele não os quis receber.

Andrea empalideceu. Mas como era de noite, ninguém o viu empalidecer.

- Como, não os quis receber! - admirou-se, com voz ligeiramente trémula.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 778

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069