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Capítulo 103: Maximilien

Página 958

- Tudo o que foi prometido será cumprido, Sr. Noirtier? - perguntou Morrel, enquanto Avrigny interrogava com o olhar.

- Sim - respondeu Noirtier, com uma expressão de sinistra alegria.

- Jurem portanto, meus senhores - disse Villefort, juntando as mãos de Avrigny e Morrel -, jurem que terão compaixão da honra da minha casa e que me deixarão o cuidado de a vingar...

Avrigny virou-se e murmurou um «sim» muito fraco, mas Morrel arrancou a sua mão das do magistrado, precipitou-se para a cama, colou os lábios aos lábios gelados de Valentine e fugiu com o longo gemido de uma alma que se engolfa no desespero.

Dissemos que todos os criados tinham desaparecido.

O Sr. de Villefort viu-se portanto obrigado a pedir a Avrigny que se encarregasse das formalidades, tão numerosas e delicadas, que envolvem a morte nas nossas grandes cidades, e sobretudo a morte em circunstâncias tão suspeitas.

Quanto a Noirtier, era qualquer coisa terrível ver aquela dor horrível, aquele desespero sem gestos, aquelas lágrimas sem voz.

Villefort regressou ao seu gabinete e Avrigny foi buscar o médico municipal, a quem competiam as funções de inspector dos óbitos, mas que o vulgo designava com menos respeito e mais propriedade por «médico dos mortos».

Noirtier não se quis separar da neta.

Ao cabo de meia hora, o Sr. de Avrigny regressou com o colega. Tinham-se fechado as portas da rua e como o porteiro desaparecera com os outros criados, foi o próprio Villefort, que lhas abriu.

Mas deteve-se no patamar; já não tinha coragem de entrar na câmara mortuária.

Os dois médicos entraram portanto sozinhos no quarto de Valentine.

Noirtier estava junto da cama, pálido como a morta, imóvel e mudo como ela.

O médico dos mortos aproximou-se com a indiferença do homem que passa metade da vida com cadáveres, levantou o lençol que cobria a jovem e entreabriu-lhe apenas os lábios.

- Oh, a pobre pequena está bem morta! - exclamou Avrigny, suspirando. - é verdade - respondeu laconicamente o médico, deixando cair o lençol que cobria a cara de Valentine.

Noirtier emitiu um arquejo abafado.

Avrigny virou-se; os olhos do velho cintilavam. O bom doutor adivinhou que Noirtier exigia que lhe deixassem ver a neta.

Aproximou-o da cama, e enquanto o médico dos mortos mergulhava em água cloretada os dedos que tinham tocado nos lábios da defunta, descobriu o rosto pálido e calmo que parecia de um anjo adormecido.

Uma lágrima que apareceu ao canto do olho de Noirtier foi o agradecimento que recebeu o bom doutor.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 958

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069