Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 15: XV - Meio milhão! Pág. 83 / 174

Mas Vitorina...

(Ó costela do homem! Ó oiro que a baba da serpente converteu em lama!...)

Mas Vitorina repisara naquelas palavras de Rita: ora diga-me vossemecê: Não era melhor que esta riqueza ficasse à Sr.ª D. Ângelazinha?

E Ângela de Noronha, interrogando o silêncio da sua alma, pôs os olhos lagrimosos em Vitorina e disse:

- Se tu pedisses a Deus que me levasse deste mundo!...

- Por que, minha senhora? Por que quer morrer?

- Porque me julgam tão sem amparo que já me aconselham o casar-me com este homem... E, na verdade, eu sei que sou muito, muito infeliz! Não tenho nada, não sei trabalhar, não tenho outras amigas senão tu, e esta mulher a quem devo benefícios que me colocaram inferior a ela... Quem sou eu, afinal? Uma grande senhora que não pode guardar a independência de sua alma à custa dos mais rudes trabalhos... Até hoje, a minha pureza foi tão-somente manchada pela calúnia de minhas tias; mas amanhã em que posição me colocará a Providência? Toda a gente terá direito de me considerar ou perdida, ou no transe de me perder... E, depois, Vitorina? Quando sairmos daqui, onde iremos? Se, ao menos, meu pai me mandasse entregar já as jóias de minha mãe... ainda teríamos com que viver, e eu iria trabalhando nos bordados...

- Os bordados... - murmurou Vitorina.

- Sim...

- Os bordados, minha senhora... - tornou a criada, sorrindo amargamente. - Vossa excelência sabe quanto eu recebia de cada bordado em que a menina gastava as horas todas do dia e algumas da noite? Era conforme. Uns regulavam o tostão por dia e noite. Outros a seis vinténs. E mais diziam que era por favor, porque tinham melhor e mais barato...

Saltaram-lhe as lágrimas dos olhos.

- Ó minha mãe, se tu me visse chorar!... - exclamou a filha do general inclinando a face para o seio arquejante.





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