Um Caso Tenebroso - Cap. 11: XI - DESFORRA DA POLÍCIA Pág. 126 / 249

Este não viu nenhum inconveniente em entregar imediatamente os emigrados. Laurence, Michu, o filho deste e Gothard partiram então a cavalo para a floresta, levando consigo um cavalo a mais, pois a condessa devia acompanhar os quatro gentis-homens a Troyes e voltar com eles. Toda a gente da casa que soube da boa nova acorreu ao pátio para ver partir a alegre cavalgada.

Os quatro jovens saíram do esconderijo, montaram a cavalo sem serem vistos e tomaram, a estrada de Trajes, acompanhados da Menina de Cinq-Cygne. Michu, ajudado pelo filho e por Gothard, voltou a fechar a entrada do subterrâneo, e regressaram a pé para casa. Já a caminho, Michu lembrou-se de que deixara no subterrâneo os talheres e o gomil de prata, utilizados pelos seus amos, e voltou sozinho atrás. Ao chegar às margens do pântano, ouviu vozes no subterrâneo; dirigiu-se então directamente para a entrada.

- Naturalmente vem buscar as pratas? - disse-lhe Peyrade, sorrindo, e deixando ver o seu vermelho monco através da folhagem.

Sem saber porque, visto que, no final de contas, os jovens já estavam salvos, Michu sentiu uma grande dor em todas as suas articulações, tão viva foi nele essa espécie de apreensão vaga, indefinível, que uma desgraça iminente provoca em nós; no entanto, seguiu adiante, indo encontrar Corentin, na escada, com um rolo de pavio na mão.

- Nós não somos más pessoas - disse ele a Michu -; há uma semana já que teríamos podido deitar a unha aos vossos ex-fidalgos, mas sabíamos que eles tinham sido irradiados... Você é um tipo valente! E deu-nos que fazer bastante para que não satisfizéssemos ao menos a nossa curiosidade.

- Dava qualquer coisa - exclamou Michu para saber como e por quem é que fomos traídos!

- Se isso lhe faz espécie, meu menino - tornou-lhe, sorrindo, Peyrade -, olhe para as ferraduras dos seus cavalos, e logo verá que foram vocês quem se traiu a si próprios.





Os capítulos deste livro