Um Caso Tenebroso - Cap. 14: XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO Pág. 155 / 249

Só eu quero ser juiz da data da sua partida.

- De acordo - anuíram os dois irmãos, sem compreenderem a ideia da prima.

- O primeiro de vós a quem a Senhora de Hauteserre dirigir a palavra esta noite à mesa, depois do Benedicite, será meu marido. Mas nenhum de vós fará batota, nem a forçará a dirigir-lhe a palavra.

- Jogo franco - disse o mais novo.

Cada um dos dois irmãos, por sua vez, beijou a mão de Laurence. A certeza de um desfecho que qualquer deles estava no direito de supor que lhe seria favorável encheu de alegria os dois gémeos.

- Seja, como for, querida Laurence, farás um conde de Cinq-Cygne - disse o mais velho.

- E nós jogamos uma partida para sabermos quem não será Simeuse - interveio o mais novo.

- Parece-me que desta vez a Senhora Condessa não vai continuar solteira por muito tempo - disse Michu, que seguia na retaguarda dos dois de Hauteserre. - Os meus amos estão tão alegres! Se a minha ama escolher desta feita, já não parto; quero assistir à boda.

Nenhum dos dois irmãos de Hauteserre respondeu, De súbito uma pega bateu as asas entre os Hauteserre e Michu, que, supersticioso como todos os seres primitivos, julgou ouvir sinos a tocar a finados. O dia principiou, pois, alegre pana os enamorados, que raramente vêem pegas quando juntos nos bosques. Michu, que puxara do plano, reconheceu o local; cada um dos gentis-homens pegara numa picareta: OS dinheiros foram encontrados. A parte da floresta onde eles tinham sido escondidos estava deserta, longe de qualquer caminho e sem nenhuma habitação; por isso a, caravana, carregada de oiro, não encontrou vivalma. Essa a desgraça. Ao voltarem de Cinq-Cygne para procurarem os últimos duzentos mil francos, a caravana, animada pelo êxito, meteu; por um caminho mais direito do que aquele por onde seguira nas viagens precedentes.





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