- Mas, no entanto, a prima não pode casar com os dois -disse o marquês. - E, acrescentou no tom brusco de um homem atingido em pleno coração: já é tempo de tomar uma resolução.
Esporeou o cavalo para que os dois de Hauteserre não ouvissem a conversa. O cavalo do irmão e o de Laurence imitaram este movimento. Quando verificaram que havia uma distância razoável entre eles e os três outros, Laurence quis falar, mas a única linguagem que pôde exprimir foi a das lágrimas.
- Irei para um convento - disse ela, por fim.
- E deixará que Cinq-Cygne se extinga? - interrogou o mais novo dos Simeuse -; e em vez de uma única desgraça que consente em sê-lo, causará duas! Não; aquele de nós dois que tiver de ser seu irmão, resignar-se-á. Sabendo que nós somos tão pobres como pensávamos, já dissemos o suficiente - comentou ele, olhando para o marquês. - Se eu for o preferido, toda a nossa fortuna pertence a meu irmão. Se for o desafortunado, ele ceder-ma-á, bem com os títulos de Simeuse, visto que se tornará Cinq-Cygne! Em qualquer dos casos, aquele que não for feliz, terá possibilidades de se estabelecer. Enfim, se ele se sentir morrer de saudades, poderá procurar a morte na guerra, para não afligir o casal.
- Verdadeiros ca valeiros da Idade Media, somos dignos de nossos pais! - exclamou o mais velho. - Fale, Laurence!
- Não queremos continuar assim - confirmou o mais novo.
- Não julgue, Laurence que na dedicação não haja certa voluptuosidade - observou o mais velho.
- Meus queridos - disse ela -, sinto-me incapaz de me pronunciar. Amo-os aos dois como se fossem um só e mesmo ser; amo-vos como a vossa mãe vos amava. Deus há-de ajudar-nos! Não escolherei. Entregar-nos-emos à- sorte e com uma condição.
- Qual?
- Aquele de vós que ficar meu irmão continuará junto de mim até que eu consinta que ele me deixe.