Um Caso Tenebroso - Cap. 3: III - AS MALÍCIAS DE MALIN Pág. 33 / 249

Avisa Bonaparte.

- Um homem da minha categoria não denuncia - exclamou Malin, com vivacidade.

- Da tua categoria? - exclamou Grévin, sorrindo.

- Oferecem-me os selos.

- Compreendo -o teu deslumbramento, e a mim compete ver claro nessas trevas políticas: farejar a porta de saída. Ora é impossível prever os acontecimentos que podem fazer regressar os Bourbons, quando um general Bonaparte dispõe de oitenta navios e de cem mil homens., Não há nada, mais difícil na política de expectativa que saber quando cai um poder vacilante; mas, meu velho, Bonaparte está no seu período ascendente… Não teria sido Fouché que te mandou sondar pata saber o que tu pensas no fundo e se desembaraçar de ti?

- Não; tenho confiança no embaixador. Aliás, Fouché, nesse caso, não me teria mandado dois macacos como estes, que eu por de mais conheço para não desconfiar deles.

- Metem-me medo - observou Grévin. - Se Fouché não desconfia de ti e não te quer experimentar, porque tos mandou? Pouché não fazia uma coisa destas sem uma razão qualquer.

- Estou decidido -exclamou Malin -; nunca mais teria descanso com esses dois Simeuse; talvez Fouché, que sabe da minha posição, os não queira perder, e esteja convencido de que através deles conseguirá chegar aos Condé.

- Ora, meu velho; não será no tempo de Bonaparte que haverá quem se lembre de inquietar o proprietário de Gondreville.

Ao erguer os olhos, Malin lobrigou, no meio da folhagem de uma grande tília, o cano de uma espingarda.

- Não me enganei; tinha ouvido o ruído seco de uma espingarda a que puxam os cães - disse para Grévin, depois, de acolher-se atrás de um grosso tronco de árvore, para onde o notário o seguiu, inquieto com o brusco movimento do amigo.

- É Michu - disse Grévin - estou daqui a ver-lhe a barba ruiva.





Os capítulos deste livro