Um Caso Tenebroso - Cap. 8: VIII-UM RECANTO DA FLORESTA Pág. 80 / 249

- Obriga o teu cavalo a: trepar também por este mesmo caminho, monta-o em pêlo, arrasta atrás de ti os gendarmes, correndo à desfilada pelo meio dos campos, direito à quinta, e afasta daqui todo esse piquete que ali vês agora - acrescentou ele, rematando o seu pensamento, que indicava a estrada a seguir. - Tu, minha filha - disse para Catarina - pelo caminho de Cinq-Cygne a Gondreville seguem outros gendarmes; corre numa direcção contrária àquela que o Gothard vai tomar, e atrai-os do castelo para a floresta. Enfim, arranja as coisas de maneira que nós não sejamos incomodados no caminho vazio.

Catarina e o admirável garoto, que neste caso viria a dar muitas provas de inteligência, executaram a manobra de maneira a fazer crer a cada uma das linhas de gendarmes que ia ali a caça que eles procuravam.

A claridade enganadora da lua não i deixava distinguir nem a estatura, nem as roupas, nem o sexo, nem o número daqueles que eram perseguidos. Corriam atrás deles em, virtude desse falso axioma: «É preciso apanhar os que fogem!», cuja tolice em alta polícia acabava de ser energicamente demonstrada por Corentin ao brigadeiro. Michu, que contara com o instinto dos gendarmes, pôde alcançar a floresta alguns instantes depois da jovem condessa, guiada por Marta até ao local indicado.

- Corre ao pavilhão - disse ele a Marta. A floresta deve estar guardada pelos parisienses; é perigoso ficar aqui. Vamos precisar, com certeza, de toda a nossa liberdade.

- Não darei mais um passo - declarou Laurence - sem que o senhor me dê uma prova do interesse que mostra por mim, pois, enfim, o senhor sempre é Michu...

- Menina - tornou-lhe ele, numa voz mansa o meu papel vai ser-lhe explicado em duas palavras. Eu sou, sem que os Senhores de Simeuse o saibam, o guardião da sua fortuna.





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